sábado, 15 de agosto de 2009

Ira!

Meses depois da decepcionante apresentação no festival Hollywood Rock, em janeiro de 1988, o Ira! lançou aquele que seria um dos seus discos mais cultuados. Muito lembrado em listas que relacionam os melhores discos da história do rock brasileiro, Psicoacústica foi visto como um disco um tanto quanto ousado e visionário para a sua época, com faixas em estilos muito pouco convencionais para a mídia. O aspecto hermético do disco o deixou com uma aura anti-comercial, resultando em vendagens de apenas 50 mil cópias. Psicoacústica mostra o direcionamento do Ira! a diversos gêneros. A banda transitava pelo reggae ("Receita Para Se Fazer um Herói"), hard rock ("Farto do Rock 'n' Roll", a única canção do disco não cantada por Nasi, sendo interpretada por Edgard Scandurra) e rock psicodélico ("Mesmo Distante").

Psicoacústica mostra o direcionamento do Ira! a diversos gêneros. A banda transitava pelo reggae ("Receita Para Se Fazer um Herói"), hard rock ("Farto do Rock 'n' Roll", a única canção do disco não cantada por Nasi, sendo interpretada por Edgard Scandurra) e rock psicodélico ("Mesmo Distante"). Somente "Manhãs de Domingo" e "Poder, Sorriso, Fama" seguiam a sonoridade dos dois primeiros álbuns da banda, calcados na música mod. Porém, existem outras surpresa no álbum: além de antecipar tendências que seriam utilizadas pelas bandas do rock brasileiro dos anos 90 (como a junção entre o rock, a embolada e o rap em "Advogado do Diabo", fórmula mais tarde seguida por grupos como Chico Science & Nação Zumbi), ainda foi um dos primeiros álbuns brasileiros a aderir a utilização dos samplers (nas faixas "Rubro Zorro" e "Pegue Essa Arma", que trazem trechos do áudio do filme O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla, por sinal a principal inspiração das respectivas músicas) e da técnica do scratching (muito usada pelos DJs, consistindo no método de produzir ruídos ao se "arranhar" um disco de vinil em uma pick-up), feita por Nasi na já citada "Farto do Rock 'n' Roll".

1988 | PSICOACÚSTICA

01 | Rubro Zorro
02 | Manhãs de Domingo
03 | Poder, Sorriso, Fama
04 | Receita Para Se Fazer um Herói
05 | Peguei Essa Arma
06 | Farto do Rock 'n' Roll
07 | Advogado do Diabo
08 | Mesmo Distante

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sábado, 8 de agosto de 2009

Ira!

Considerado por muitos fãs como seu melhor álbum, Vivendo e Não Aprendendo era o mais famoso e o também o mais bem sucedido comercialmente disco da banda até o lançamento do Acústico MTV em 2004. O disco de 1986, segundo o jornalista Ricardo Alexandre em seu livro Dias de Luta (cujo nome foi tirado, obviamente, de um dos sucessos deste álbum), vendeu 180 mil exemplares à época de seu lançamento, apesar de outras fontes divergirem quanto à isto (estimando as vendagens entre 150 e 250 mil cópias). Por mais de dez anos, foi o único álbum do Ira! a ter alcançado o status de disco de ouro.

O Ira! não teve relação fácil com o produtor Liminha durante as gravações do seu segundo disco, no Rio de Janeiro. O grupo desejava para o álbum um padrão sonoro que lembrasse o do conjunto inglês The Jam, uma de suas mais notórias influências, porém Liminha julgava como "desafinada" a sonoridade que Edgard Scandurra e cia. queriam como referência. A relação entre banda e produtor se tornou tão tensa que foi preciso transferir os trabalhos restantes de gravação e a mixagem para São Paulo.

"Gritos na Multidão" e "Pobre Paulista", gravadas para o compacto (jamais lançado) de estréia da banda em 1984, foram finalmente lançadas em Vivendo e Não Aprendendo, porém, em versões gravadas durante um show. A WEA tinha pretensões de lançar ambas como músicas de trabalho do disco, e pediu para que o grupo as regravasse. O Ira! recusou a fazê-lo, inicialmente, mas acabou por registrá-las, só que não em estúdio. O argumento era de que não seria possível fazer playback, recurso muito usual em programas televisivos da época, de canções que eram registradas ao vivo. Uma demo de "Pobre Paulista" aparece como faixa bônus da segunda edição em CD do álbum, lançada em 2000.

1986 | VIVENDO E NÃO APRENDEDO

01 | Envelheço na Cidade
02 | Casa de Papel
03 | Dias de Luta
04 | Tanto Quanto Eu
05 | Vitrine Viva
06 | Flores em Você
07 | Quinze Anos (Vivendo e Não Aprendendo)
08 | Nas Ruas
09 | Gritos na Multidão
10 | Pobre Paulista

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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Michael Jackson | Off The Wall


O ano de 1979 dividiu muitas águas. Ao mesmo tempo em que o punk pedia para alguém desligar os aparelhos na UTI, a disco music mostrava níveis nunca antes alcançados de manipulação de estúdio e aproveitamento máximo de tecnologia (tanto para o bem como para o mal). Era a vez dos anos oitenta: céticos, profissionais, estilosos e obcecados com a imagem. Como seria o pop dessa década? Superproduzido, sem vergonha de ser um produto e polivalente: não bastava ter música, tinha que ter bom clip, uma roupa legal, dançar bem, fazer um show mega, etc.

Quer dizer, o fim da atitude artística e da música em favor da grana e da imagem? Nem tanto. É aí que residia a autenticidade desse novo pop, que acabou levando esses conceitos à categoria de arte.

Se isso acabou sendo bom o ruim é história para contar outro dia, mas isso era um reflexo natural do estágio de então na música pop: uma tentacular indústria triliardária amparada por ultra tecnologia, tanto no estúdio como na promoção de artistas, como provaram os símbolos da década de oitenta: Duran Duran, George Micheal, Janet Jackson, Whitney Houston, Madonna e - claro - Michael Jackson.

Foi ele, em Off the Wall, que lançou o marco zero deste novo conceito. Aperfeiçoou tudo em 1983 com Thriller (só lembrando: o disco mais vendido da história), mas a semente já estava em Off the Wall, em que se apresentava como um artista que compunha, cantava, dançava, atuava em clips superproduzidos e lançava álbuns ultra bem feitos e cheios de hits.

Michael já vinha ensaiando seus passos solo desde 1972 com hits como "Ben" e "Got to be There", mas sem assumir isso full time. Com a consolidação do sucesso do grupo The Jackson 5, Michael ia amadurecendo e as coisas começavam a mudar de figura.

Em 1976 a Epic comprou o passe dos Jacksons da Motown. Fizeram dois contratos: um para o grupo, que virou The Jacksons, e outro para o jovem Michael. Era consenso de que os irmãos reunidos eram bons, mas quem ia render mesmo a longo prazo seria aquele moleque prodígio. A Epic tratou de cuidar para que seu estouro solo fosse certeiro.

Para a produção foi chamado o maestro Quincy Jones, multinstrumentista, arranjador e gênio de estúdio, com um currículo de band leader, jazzista, compositor de trilhas e produtor de soul. Os músicos do disco foram pinçados entre a nata das chamadas feras de estúdios da época (como o baixista Louis Johnson e o tecladista Greg Phillinganes). Paul McCartney e Stevie Wonder contribuíram com duas baladas, "Girlfriend" e "I Can't Help It", respectivamente.

Jones ainda recrutou um colaborador que se mostrou essencial para o resultado final: o inglês Rod Temperton. Líder da banda de disco Heatwave (que fez "The Groove Line"), Temperton tinha o dom de unir ritmos infalíveis, sempre com um efeito sonoro grudento. Acabou escrevendo "Rock With You", "Burn This Disco Out" e a faixa-título. Para ajudar na imagem "já-é-um-homenzinho" do disco, Michael co-produziu três faixas: "Don't Stop Til You Get Enough", "Working Day and Nigth" e "Get On the Floor".

Off the Wall saiu uma coleção sem falhas, fluente, de pop disco e baladas soul pop. "Rock With You" entrou na minha lista de melhores singles de todos os tempos pela virada de bateria que abria a faixa, pelo clima dos violinos e pelo fato de que quando você achava que sabia como era a melodia, ela tomava um rumo novo, mais cool, até cair num solo de teclados simulando sopro. "Working Day and Night" abria com uma percussão rapidinha e um loop de alguém ofegando que não devia nada a equivalentes atuais feitos com samplers. "Girlfriend" mostrava que Michael sabia jogar com economia uma voz doce numa balada, sem melar o resultado.

O disco estabeleceu a figura solo de Michael Jackson, rendeu hits mundiais e vendeu mais de dez milhões ao redor do mundo. E fez jus ao clichê número um dessa seção: depois dele, o pop nunca mais foi o mesmo.

Por | Camilo Rocha, Bizz#096, julho de 1993

1979 | OFF THE WALL

01 | Don't Stop 'til You Get Enough
02 | Rock with You
03 | Working Day and Night
04 | Get on the Floor
05 | Off The Wall
06 | Girlfriend
07 | She's Out of My Life
08 | I Can't Help It
09 | It's The Falling in Love
10 | Burn This Disco Out

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sábado, 1 de agosto de 2009

Ira!

Gravado em apenas nove dias, Mudança de Comportamento é um disco cujo título faz jus às transformações pelas quais o Ira! passava naquela fase. Além da adesão do ponto de exclamação em seu nome e do redirecionamento musical, passando do punk rock dos primeiros anos (e registrado em Ira, o single de 1984) para um estilo baseado na cultura mod, a banda ganhou uma nova formação com a entrada de dois novos componentes: o baixista Ricardo Gasparini, o Gaspa, companheiro de Nasi no grupo Voluntários da Pátria, ex-integrante do Cabine C e irmão de Ted Gaz (Fábio Gasparini), membro do Magazine; e o baterista André Jung, demitido dos Titãs no révellion de 1984 e convidado por Nasi para integrar o grupo em 2 de janeiro de 1985. Tal formação permaneceria intacta por 22 anos (1985 - 2007), uma das mais duradoras de um grupo do rock brasileiro, longevidade esta superada apenas pelos Paralamas do Sucesso e pelo Kid Abelha.

É neste disco que se encontra aquele que talvez seja seu maior clássico. "N.B. (Núcleo Base)" foi composta por Edgard Scandurra à época em que ele serviu para o Exército, representando um verdadeiro manifesto anti-alistamento militar. Além desta canção, destacaram-se a faixa-título, a balada "Tolices", e os rocks "Longe de Tudo" (com a linha de baixo baseada nas de "Start!", do Jam, e de "Taxman", dos Beatles) e "Coração".

1985 | MUDANÇA DE COMPORTAMENTO

01 | Longe de Tudo
02 | Núcleo Base
03 | Mudança de Comportamento
04 | Tolices
05 | Coração
06 | Saída
07 | Ninguém Precisa da Guerra
08 | Por Trás de Um Sorriso
09 | Como os Ponteiros de Um Relógio
10 | Sonhar Com Quê?
11 | Ninguém Entende um Mod

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