quinta-feira, 18 de novembro de 2010

The Cult

Ian Astbury jamais gostou de ver o Cult condicionado ao estilo gótico.

Segundo ele, isso limitou demais o começo do grupo, inclusive, na América, apesar do enorme sucesso que faziam no Reino Unido e outros países europeus. Após o sucesso de Love, o Cult queria se aproximar do rock que sempre amaram, dos anos 70, e grupos como Led Zeppelin, Bad Company, Free e Jimi Hendrix.

Mas as primeiras gravações começaram de maneira diferente. Após a excursão promocional do disco anterior, o grupo se trancou nos estúdios The Manor, em Oxfordshire, com o mesmo produtor de Love, Steve Brown. Foram gravadas 12 novas canções e o álbum se chamaria Peace. "Quando Love saiu, sabíamos que o título iria irritar a crítica. Como alguém poderia chamar de 'amor' um disco, em pleno ano de 1985? Pois, pensamos em chamar o novo de Peace, só para irritá-los ainda mais", conta Ian. Anos depois, o disco apareceria inteiro, na caixa Rare Cult, lançada em 2000.

Mas as sessões desagradaram o grupo, que considerou o som "superficial" demais. Resolveram partir para Nova York atrás do produtor Rick Rubin, que havia feito um tremendo sucesso, primeiro com grupos de rap, como Public Enemy e Run D.M.C e chamando a atenção de meio mundo, com o disco Reign in Blood, do Slayer. "Ao ouvirmos o trabalho de Rick com o Slayer, ficamos chapados. Queríamos aquele peso, aquelas guitarras. Tínhamos que trabalhar com ele", conta o guitarrista Billy Duffy.

A idéia inicial era que ele remixasse Love Removal Machine. Rick gostou da canção, mas sugeriu que a regravassem. Logo, ele estaria gravando o disco todo com o Cult. Rick pegou a banda em um momento difícil. As drogas e as bebidas começavam a tomar conta do grupo, que brigava a todo instante nos estúdios do lendário Electric Lady Sound, construído por Jimi Hendrix. Ian conta que, a certa altura, notaram um homem mais velho, quieto e que ouvia com atenção as músicas. Quando deu por si, percebeu que era nada menos que Robert Plant, o ex-vocalista do Led Zeppelin. "Robert foi extremamente gentil conosco. Disse que havia gostado das músicas, embora elas refletissem um período de transição do grupo. E ele estava certíssimo", relata Ian.

Em fevereiro de 1987, é editado o single Love Removal Machine. O susto dos fãs era grande. Saía os arranjos mais góticos, para entrar um rock vigoroso, forte e que copiava, nos primeiros acordes, "Star Me Up", dos Rolling Stones. "Nós sempre fomos apaixonados pelas bandas dos anos 70, como Led Zeppelin, Free etc. Não somos uma banda muito fã de blues. Na verdade, gostamos das bandas que foram influenciadas pelo blues", explicava Billy.

Em abril é lançado o disco, Electric, que confirmava o que o single espelhava: muito peso, letras mais simples, um rock mais urgente. "Cansei de ser associado ao gótico, nunca fui gótico. Bem, talvez tenha sido mais no meu visual do que na música, mas confesso que nossos discos anteriores tinham coisas supérfluas demais, arranjos pomposos. Mas agora mudamos, queremos algo mais seco, direto."

O grupo trazia como novo membro o baterista Les Warner, que havia participado da turnê de Love. O resto permanecia igual: Ian Astbury (vocais), Billy Duffy (guitarra) e Jamie Stewart (baixo).

Electric foi recebido com críticas diversas. Alguns gostaram da virada da banda, outros detestaram e os acusaram de "americanizarem" o som em demasia. O disco chegou em quarto lugar na parada britânica, com boas vendagens. Love tinha conseguido somar 300 mil cópias na Inglaterra e 1,5 milhão, nos EUA, enquanto Electric somou 3 milhões de cópias pelo mundo todo.

Por Mofo

1987 | ELECTRIC

01 | Wild Flower
02 | Peace Dog
03 | Lil' Devil
04 | Aphrodisiac Jacket
05 | Electric Ocean
06 | Bad Fun
07 | King Contrary Man
08 | Love Removal Machine
09 | Born to Be Wild" (Mars Bonfire)
10 | Outlaw
11 | Memphis Hipshake

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