sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Arnaldo Baptista


Arnaldo Dias Baptista nasceu em São Paulo em 1948. Filho da pianista, compositora e concertista Clarisse Leite Dias Baptista e do poeta e jornalista César Dias Baptista, tornou-se um dos artistas brasileiros mais cultuados de todos os tempos. Seu trabalho como ex-líder de Os Mutantes é considerado uma obra prima do rock’n’pop mundiais. Depois de deixar a banda em 1973, seguiu solo, criando obras igualmente memoráveis.

Arnaldo Baptista e os Mutantes originais têm sido reverenciados no Brasil e no exterior por artistas e bandas como Sean Lennon, Beck, David Byrne, Kurt Cobain, Radiohead, Stereolab, Torloise, High Llamas, Wondermints, entre tantos outros. Arnaldo é incansavelmente mencionado por artistas brasileiros de renome como uma influência central em suas carreiras.

1974 | LÓKI?

01. Será Que Eu Vou Virar Bolor?
02. Uma Pessôa Só
03. Não Estou Nem Aí
04. Vou Me Afundar Na Lingerie
05. Honky Tonky
06. Cê Tá Pensando Que Eu Sou Loki?
07. Desculpe
08. Navegar de Nôvo
09. Te Amo Podes Crer
10. É Fácil

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Em 1974, Arnaldo lançou seu primeiro álbum solo, Loki?, até hoje considerado um dos melhores do gênero entre críticos e fãs. De 1973 a 1982, compôs mais de 60 canções espalhadas por vários álbuns e fitas, além de se apresentar em shows ao lado de bandas ou solo, totalizando mais de 100 músicas ao longo de sua carreira. Entre seus LPs solo estão: Elo Perdido e Faremos uma Noitada Excelente , ambos de 1977-78 com a Patrulha do Espaço. Em 1981, gravou Singin 'Alone, tocando todos os instrumentos.

Arnaldo passou quase cinco anos se recuperando de um acidente, que sofreu em 1982. “Já tinha feito tanta coisa! Tocado em tantos lugares! Me senti ali perdido, internado em um hospital, imaginando: ‘talvez ainda fique aqui dez anos!’ Então, plenamente consciente e cansado de falar com os médicos, pensei: ‘Estou cansado disso! Vou me ver livre!’.. E me joguei da janela, sabendo que estava jogando o jogo mais alto que existe, que é a vida... E pareceu um milagre, porque acordei na cama da minha menina”, conta Arnaldo em seu famoso documentário.

A “minha menina” é Lucinha Barbosa, com quem o artista vive há 30 anos. Lucinha é conhecida pela sua dedicação e amor incondicional à Arnaldo, e incansável esforço e paixão na continuidade e preservação de seu trabalho.

1981 | SINGIN' ALONE

01. I Fell In Love One Day
02. O Sol
03. Bomba H sôbre São Paulo
04. Hoje de Manhã Eu Acordei
05. Jesus Come Back To Earth
06. The Cowboy
07. Sitting On The Road Side
08. Ciborg
09. Corta Jaca
10. Coming Through The Waves Of Science
11. Young Blood
12. Train

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O acidente provocou um traumatismo craniano, deixando sequelas, mas não afetou sua genialidade. Ao contrário. Os rascunhos musicais desta época levaram ao álbum Disco Voador, lançado em 1987. Durante aquele período de recuperação, intensificou seu trabalho como artista plástico.

Arnaldo continuou pintando e compondo em sua casa de campo em Juiz de Fora, Minas Gerais. Ao longo dos anos 90, participou de pequenas exposições e contribuiu com seu talento e sensibilidade para vários projetos, entre eles a compilação Give Peace a Chance (2001), um tributo à John Lennon. Também tocou e cantou em alguns festivais e teatros, em jams com outros artistas.

Em 2004, lançou Let it Bed, produzido por John Ulhoa, do Pato Fu. O álbum foi um dos mais aclamados pela crítica brasileira no biênio 2004-05. A revista inglesa Mojo colocou Let it Bed na sua lista dos dez mais de 2005.

1987 | DISCO VOADOR

01. Eu
02. Rodas
03. Crazy Ones Ballad
04. Traduções
05. Ovni
06. Maria Lucia
07. Jesus Volte Até aTerra
08. Le foulle Balad
09. I wanna To Take off Every Morning

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Durante 2006-07, Arnaldo participou da reunião de Os Mutantes para uma série de shows iniciados em Londres, no grande evento dedicado à Tropicália promovido pelo centro cultural Barbican. Logo em seguida, partiu com a banda para a Europa, EUA e Brasil, tocando e cantando em shows para até 80 mil pessoas. Ao mesmo tempo, sua história preparava, por si só, uma nova reviravolta a partir de 2008.

O romance Rebelde Entre os Rebeldes, escrito nos anos 80 e lançado pela Editora Rocco em 2008, foi um sucesso. No mesmo ano, o Canal Brasil levou ao público seu primeiro longa metragem, dirigido por Paulo Henrique Fontenelle: o documentário Loki! Arnaldo Baptista, contando a história de Arnaldo de forma profundamente sensível. O filme foi um sucesso estrondoso, especialmente junto à nova geração. Ganhou 14 prêmios no Brasil e no exterior e ainda emociona audiências onde quer que seja exibido.

Em 2010, Arnaldo finalmente é abraçado pelo circuito oficial das artes plásticas, participando de duas coletivas de peso, como as da SP-Arte 2010 e 2011, além da mostra de abertura das galerias Baró/Emma Thomas em 2010. Sua primeira grande exposição individual, Lentes Magnéticas, com mais de 100 obras ao longo de 30 anos, acontece de 24 de março a 20 de abril na Galeria Emma Thomas em São Paulo e tem sido considerada uma das maiores coberturas de mídia para uma primeira individual deste porte. Galeristas e a sociedade da arte de São Paulo, que tem visitado a mostra , têm reiterado sua importância e força artística.

1988 | ELO PERDIDO
(gravado em 1977)

01. Sunshine
02. Sexy Sua
03. Corta Jaca
04. Oh Trem
05. Emergindo da Ciência
06. Sentado ao lado da Estrada
07. É Um Pouco Assustador
08. Fique Aqui Comigo

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A arte de Arnaldo Dias Baptista reflete sua filosofia, poesia e a criatividade vanguardista conhecidas da carreira musical. “Assim como os artistas do movimento CoBra, Arnaldo trabalha de forma espontânea, experimental e com ênfase no imaginário fantástico. A expressividade através do uso de cores e texturas permeiam tanto o universo da psicodelia quanto da arte contemporânea”, comenta Juliana Freire, sócia-proprietária da Emma Thomas.

Arnaldo voltou aos palcos em outubro de 2011 para duas datas no Sesc Belenzinho-SP com seu ‘Arnaldo Dias Baptista Solo Voador’, tocando e cantando ao piano de cauda. Ovacionado pelo público e crítica, os shows tiveram ingressos esgotados nas primeiras horas da abertura da venda antecipada. O video-cenário trazia projeções dos desenhos de Arnaldo, selecionados para a mostra na Emma Thomas. As imagens justapostas e em movimento lembravam uma mandala psicodélica. Este show fará parte da Virada Cultural de São Paulo 2012, com uma histórica apresentação no Teatro Municipal no dia 5 de maio de 2012.

Em 2011, Arnaldo tornou-se embaixador da ANDA, uma das mais sérias ONGs na defesa dos direitos dos animais no Brasil. Disse Arnaldo ao abraçar a organização: “O Arnaldo Dias Baptista, ainda anda defendendo o vegetarianismo e a eletricidade gerada pelo sol. Portanto, ser Embaixador da ANDA; abaixa a dôr, dos animais. Nomes como Barak Obama e Zilda Arns; remetem minha imaginação, para Zilda Arnaldo. Num sentido, onde parar de queimar; para a energia gerar, despoluirá. (Física) Harmonia; entre, pessôas e animais.”

1988 | "FAREMOS UMA NOITADA EXCELENTE..."
(gravado em 1978)

01. Emergindo da Ciência
02. É Um Pouco Assustador II
03. Arnaldo Soliszta
04. I Feel In Love One Day
05. Cowboy
06. Hoje de Manhã Eu Acordei

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Ainda em 2012, Arnaldo Baptista lançará seu novo álbum, Esphera, já um dos mais esperados do ano, produzido por Fernando Catatau, do Cidadão Instigado.

No final dos anos 70, Arnaldo teve o filho Daniel com a atriz Martha Mellinger, com quem viveu por dois anos. Daniel Mellinger Dias Baptista hoje ajuda a manter e preservar a obra do pai.

Em 2010, Arnaldo aderiu às redes sociais, com perfis no Facebook e Twitter, um canal oficial no YouTube e um blog como artista plástico. Teve, ainda, todos seus álbuns solos disponibilizados em formato stream no Soundcloud. Hoje, reúne mais de 20 mil fãs em torno destas mídias. No Facebook, 71% dos frequentadores estão na faixa dos 17 aos 34 anos. Arnaldo é seguido, também, por artistas, formadores de opinião e hot desks da mídia de massa e blogs culturais.

Para 2012, seu time, formado por voluntários, espera poder realizar o sonho de ter os trabalhos de Arnaldo devidamente documentados e salvaguardados sobre suas próprias asas. Entre outros projetos, os fãs poderão ver um novo web site, incluindo uma área de download via doação – um presente dos fãs da Elefantte e S2Group – e um aplicativo para iPhone, pelo fã Eduardo Rangel, da Easynology.

2004 | LET IT BED

01. Gurum Gudum
02. Woody Woodpecker (Everybody Thinks I'm Crazy)
03. LSD
04. To Burn Or Not To Burn
05. Bailarina
06. Deve Ser Amor
07. Nobody Knows
08. Cacilda
09. Imagino
10. Ai Garupa
11. Encantamento
12. Carrossel
13. Tacape

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Arnaldo emociona a todos, não apenas pela sua contagiante simpatia e talento únicos, mas também pelo seu incansável discurso pela paz e pelo amor, na sua defesa pela preservação do meio ambiente muito antes do tema entrar para a agenda mundial, por sistemas de som totalmente valvulados, pelo vegetarianismo, seu amor e carinho para com os animais, sua poesia ímpar e inspiradora e seu delicioso senso de humor.

Desde o início de sua carreira, Arnaldo mostrou uma capacidade surpreendente de auto-reciclagem. Ele permite facilmente que novos elementos entrem em sua música e arte. Parece que sua missão é apontar um futuro que ainda não existe, mas pode (e deve) ser sentido.

Fonte: Site Oficial


2008 | LÓKI - ARNALDO BAPTISTA
Documentário

“Loki – Arnaldo Baptista” resume toda uma vida de mutações, loucuras e paixões de um dos principais nomes do rock brasileiro. A sensibilidade do documentário ganha força através da espetacular montagem com os vídeos históricos contados de forma cronológica sua trajetória.

Depoimentos emocionantes do irmão Sérgio Dias e da cantora Zélia Duncan, dos tropicalistas Tom Zé e Gilberto Gil, dos músicos Lobão e Sean Lennon, de vários amigos e pessoas do meio artístico de diversas épocas, destacam momentos com Arnaldo, enriquecendo o trabalho final do filme, que foi produzido pelo Canal Brasil com direção de Paulo Henrique Fontenelle, a partir de um trabalho para um programa de TV produzido pelo canal em 2006, onde a volta dos Mutantes naquele ano se transforma no ápice, que reflete o momento mais empolgante dos 120 minutos da vida louca que o protagonista vive.

Do começo dos Mutantes, da paixão pela Rita Lee, das drogas, discos voadores e do acidente quase mortal, Arnaldo não censurou nenhuma etapa da sua carreira. Sua vida com Lucinha Barbosa em Minas Gerais, revela uma fase de grande produtividade artística através de desenhos e pinturas, resultados de uma terapia do recomeço de uma nova vida.

Arnaldo Baptista revela a paixão pela sua mulher, pela sua arte, pelos velhos, crianças e animais, vivendo feliz e em paz, da loucura de um homem, de um artista e de um sábio de vinte anos à sua frente, agora eternizado com esta homenagem chamada “Loki”.

Por: Rafael G. R. Arruda

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The Electric Flag


A segunda metade da década de 60 foi realmente excepcional para o Rock & Roll, pois aí se encontram suas melhores e mais influentes obras, que consolidaram o estilo mundo afora, caso de “Electric Ladyland” do Jimi Hendrix Experience, “Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band” The Beatles, “The Velvet Underground & Nico” do The Velvet Underground entre outras obras primas. Em um período de grande efervescência musical novas bandas surgiam e ótimos discos eram lançados quase que diariamente, entretanto o mercado musical ainda era pequeno e muitos desses grupos não alcançaram sucesso comercial e acabaram sendo relegados a um segundo escalão dentro da historia do Rock o que de forma alguma diminui sua importância.

Com o advento da internet muito desses grupos vem sendo redescobertos. Destes um dos mais originais e mais injustiçados era o Electric Flag grupo formado em 1967 pelo lendário Mike Bloomfield, um dos maiores gênios da guitarra que por este período já possuía colaborações com gente de peso como Bob Dylan (notadamente em “Highway 61 Revisited”) e que fez historia com um lendário combo do Blues Rock ianque The Butterfield Blues Band no legendário “East West” de 1966. Além de Bloomfield o grupo trazia Barry Goldberg no órgão, Nick Gravenites (voz e composições), Harvey Brooks no baixo e Buddy Miles na bateria. Miles, que na época era um ilustre desconhecido, tinha em seu currículo colaborações com um dos mestres da Soul Music Wilson Pickett, mas só ficaria famoso mesmo em 1970 ao trabalhar com Jimi Hendrix na memorável Band Of Gipsy’s ao lado do baixista Billy Cox.

Com uma proposta musical ousada o Electric Flag condensava em seu som elementos de Blues, R&B, Soul, Jazz e Country (estilos musicais populares típicos dos EUA) em uma roupagem psicodélica, daí o fato a banda se apresentar como “The Electric Flag: An American Music Band”. Para dar uma incrementada no som da banda Bloomfield cooptou o trompetista Marcus Doubleday e o saxofonista Peter Strazza que fechavam assim a formação clássica do grupo.

Tão logo começou a se apresentar sob a liderança do empresário Albert Grossmann, o Electric Flag se tornou uma sensação nos EUA, Tanto que foram convidados participar do Monterrey Pop Festival no dia 17 de junho de 1967. Ainda em 1967 Grossmann incluiu o grupo em um projeto cinematográfico intitulado “The Trip”, após a recusa do diretor em aceitar a International Submarine Band de Gram Parsons para a trilha sonora deste. Bloomfield então fica com a missão escrever as músicas e para a gravação do disco ele convida o tecladista Paul Beaver que pela primeira vez introduz um sintetizador Moog em um disco de Rock (haja visto aí pioneirismo do grupo).

O fato era que o primeiro disco não tinha vendido muita coisa e serviu mais como uma preparação para a obra prima da banda “A Long Time Comin´” de 1968 onde Bloomfield dava vazão, embora a canção “Flash, Bam, Pow” tenha participado da trilha sonora do filme “Easy Rider”.

Trazendo o que de melhor havia em Blues, R&B, Soul e Country temperado com altas dose de psicodelia “A Long Time Comin´” é um dos registros que merecem ser resgatados do reino das obscuridades sessentista. Para as gravações do álbum foram convidados um arsenal de músicos entre eles o sergipano Severino (Sivuca) Dias de Oliveira, músico renomado em todo planeta e que vivia em Nova York nessa época. Mais conhecido como sanfoneiro, Sivuca era um músico extremamente versátil e completo e no álbum contribuiu tocando guitarra.

A bolacha deixa o ouvinte lá nas alturas logo na abertura com uma versão chapante de “Killing Floor” de Howlin’ Wolf, que traz influências da Black Music ao som do blues tradicional, cortesia da viajante sessão de metais da canção e bateria destruidora de Miles, detentor de uma técnica singular e desde sempre apaixonado por Soul. “Groovin’ Is Easy” um soul entremeado de sobretons psicodélicos e com desconcertantes intervenções de guitarra mantém o nível do álbum. Enquanto a boa (mas não quanto a anterior) “Over-Lovin’ You” traz um atmosfera barroca ao R&B tradicional.


“She Should Have Just” tinha tudo para ser apenas um ótimo Soul, mas a guitarra genial de Bloomfield acaba desequilibrando a receita. Com um final apoteótico figura com certeza entre os pontos altos do disco. A já tradicional “Wine” com seu ousado solo de guitarra, destila o R&B em sua forma mais pura. “Texas” escrita por Bloomfield é o blues elétrico edificado por nomes de peso como Muddy Waters e Lee Hooker por excelência e mostra o quão bom guitarrista ele era.

Nesta altura o ouvinte certamente ficará impressionado com a beleza singular de “Sittin’ In Circles”, uma balada que traz influências marcantes do Free Jazz e da psicodelia em voga na época ao som do grupo. Entremeada com curtos, porém marcantes fraseados de guitarra no clímax do refrão temos uma das bem elaboradas e possivelmente a melhor canção do disco.

“You Don’t Realize” é um Soul legal, sem maiores destaques e que acaba passando meio despercebido. Pois a próxima faixa “Another Country” uma verdadeira orgia sonora chega com tudo. Maior composição do disco (quase 9 minutos) ela se inicia com um tema bem introspectivo carregado no R&B, até que é repentinamente interrompida por uma longa e viajante passagem de som que emula uma transmissão de rádio com excepcionais dissonâncias nos metais, a qual é seguida por dois ótimos solos de guitarra de Sivuca e Bloomfield; o primeiro traz um toque latino que cativa logo de cara, enquanto Bloomfield mais uma vez se mostra um bluesman de respeito até que a canção retoma o tema inicial e termina calmamente. Sensacional!!!

Bloomfield mostra classe na curta instrumental “Easy Rider” que encerra com chave de ouro o álbum.

O disco marcava o auge e também o fim de uma das mais criativas e interessante banda dos anos 60, pois internamente o grupo vivia uma enorme crise devido ao ego inflado de Bloomfield (que nesta época já era considerado um gênio da guitarra) e pelo envolvimento de quase todos seus integrantes com drogas pesadas em especial a heroína. Some-se a isto a baixa vendagem do disco que alcançou apenas a 31ª posição nas paradas de sucesso e a pouca atenção dada por Grossmann ao combo. Goldberg e Bloomfield deixaram o grupo no começo de 1969 e Miles então se torna o único líder do grupo que sob sua liderança lança no mesmo ano “Electric Flag: An American Music Band”, que marca uma maior incursão em direção a Soul Music em detrimento da experimentação e da efusão de ritmos do álbum anterior.

Ao ser reeditado em CD “A Long Time Comin’” trazia como bônus as faixas “Sunny”, “Mystery” ambas do disco de 1969, além de “Look Into My Eyes”, um Soul de refrão cativante e com uma introdução magistral ao piano e “Going Slow Down” (de James Oden) um blues arrasa quarteirão com um Bloomfield afiado em seu instrumento.

Uma tentativa de volta ocorreria em 1974 com a reunião dos membros originais e o lançamento do bom “The Band Kept Playing” que mostrava um grupo com boas composições (entre as quais a excepcional faixa titulo), mas já sem forças ou mesmo coração no que faziam. Era o derradeiro adeus, pois com a morte de Mike Bloomfield em 1981 qualquer volta ficaria sem sentido.

Em 1983 foi editado Groovin' Is Easy, um disco póstumo, que teve vários nomes em outras reedições, trazendo outtakes de 1974 e performances ao vivo de 1968: I Found Out (2000), The Electric Flag: Live (2000), I Found Out (2000), Funk Grooves (Classic World Productions, 2002), I Found Out (Dressed To Kill, 2005) e I Should Have Left Her (Music Avenue, 2007).

Apesar de pouco lembrada hoje The Electric Flag foi uma das mais legais banda de rock nos anos 60 e merece uma maior atenção por parte de apreciadores de boa música. Garantia de momentos prazerosos.

Fonte: Whiplash

1968 | A LONG TIME COMIN'

01 | Killing Floor
02 | Groovin’ Is Easy
03 | Over-Lovin’ You
04 | She Should Have Just
05 | Wine
06 | Texas
07 | Sittin’ In Circles
08 | You Don’t Realize
09 | Another Country
10 | Easy Rider
11 | Sunny
12 | Mystery
13 | Look Into My Eyes
14 | Going Slow Down

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Cássia Eller


Cássia Rejane Eller (Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 1962 - 29 de dezembro de 2001) foi uma cantora e violonista do rock brasileiro dos anos 1990. Filha de um sargento pára-quedista do Exército e de uma dona-de-casa, seu nome foi sugerido pela avó, devota de Santa Rita de Cássia.

Aos 6 anos mudou-se com a família para Belo Horizonte. Aos 10, foi para Santarém, no Pará. Aos 12 anos, voltou para o Rio. O interesse pela música começou aos 14 anos, quando ganhou um violão de presente. Tocava principalmente músicas dos Beatles. Aos 18, chegou a Brasília. Ali, cantou em coral, fez testes para musicais, trabalhou em duas óperas como corista, além de se apresentar como cantora de um grupo de forró. Também fez parte, durante dois anos, do primeiro trio elétrico de Brasília, denominado Massa Real, e tocou surdo em um grupo de samba. Trabalhou em vários bares (como o Bom Demais), cantando e tocando. Despontou no mundo artístico em 1981, ao participar de um espetáculo de Oswaldo Montenegro.

Um ano mais tarde, foi para Minas Gerais, onde trabalhou como servente de pedreiro. "Fiz massa e assentei tijolos", contava. Na escola, não chegou a terminar o ensino médio, por causa também dos shows que fazia, não teria tempo para estudar.


CÁSSIA ELLER (1990)
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O MARGINAL (1992)
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CÁSSIA ELLER (1994)
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Caracterizada pela voz grave e pelo ecletismo musical, interpretou canções de grandes compositores do rock brasileiro, como Cazuza e Renato Russo, além de artistas da MPB como Caetano Veloso e Chico Buarque, passando pelo pop de Nando Reis e o incomum de Arrigo Barnabé e Wally Salomão, até sambas de Riachão e rocks clássicos de Janis Joplin, Jimi Hendrix, Rita Lee, Beatles, John Lennon e Nirvana.

Teve uma trajetória musical bastante importante, embora curta, com algo em torno de dez álbuns próprios gravados no decorrer de doze anos de carreira. De fato, somente em 1989 sua carreira decolou. Ajudada por um tio seu, gravou uma fita demo com a canção "Por enquanto", de Renato Russo. Este mesmo tio levou a fita à PolyGram, o que resultou na contratação de Cássia pela gravadora. Sua primeira participação em disco foi em 1990, no LP de Wagner Tiso intitulado "Baobab".


AO VIVO (1996)
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VENENO ANTIMONOTONIA (1997)
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MÚSICA URBANA (1997)
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Cássia Eller sempre teve uma presença de palco bastante intensa, assumia a preferência por álbuns gravados ao vivo e ela era convidada constantemente para participações especiais e interpretações sob encomenda, singulares, personalizadas.

Outra característica importante é o fato de ela ter assumido uma postura de intérprete declarada, tendo composto apenas três das canções que gravou: "Lullaby" (parceria com Márcio Faraco) em seu primeiro disco, Cássia Eller, de 1990 (LP com 60.000 cópias vendidas, sobretudo em razão do sucesso da faixa "Por enquanto" de Renato Russo); "Eles" (dela com Luiz Pinheiro e Tavinho Fialho) e "O Marginal" (dela com Hermelino Neder, Luiz Pinheiro e Zé Marcos), no segundo disco, O Marginal (1992).


VENENO VIVO (1998)
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COM VOCÊ... (1996)
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CÁSSIA ROCK ELLER (2000)
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Era homossexual assumida e morava com a parceira Maria Eugênia Vieira Martins, com a qual criava o filho Francisco (chamado carinhosamente de Chicão). Ela teve seu filho com o baixista Tavinho Fialho. Ele faleceu em um acidente automobilístico meses antes do nascimento de Francisco. Maria ficou responsável pela criação do filho de Cássia após a morte de sua companheira.

2001 foi um ano bastante produtivo para Cássia Eller. Em 13 de janeiro de 2001, apresentou-se no Rock in Rio III, num show em que baião, samba e clássicos da MPB foram cantados em ritmo de rock. Neste dia, o organograma de apresentação foi o seguinte: R.E.M., Foo Fighters, Beck, Barão Vermelho, Fernanda Abreu e Cássia Eller. 190 mil pessoas compareceram a esta apresentação.


COM VOCÊ... AO VIVO (2000)
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ACÚSTICO MTV (2001)
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LUAU MTV (2002)
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Entre maio e dezembro, Cássia Eller fez 95 shows. O que levou a cantora a gravar um DVD, nos moldes de sua preferência - ao vivo: o Acústico MTV, gravado entre 7 e 8 de março, em São Paulo, no qual Cássia contou com o um grupo de alto nível técnico e artístico: Nando Reis (direção musical/autoria, voz e violão em "Relicário" / voz em "De Esquina" de Xis), os músicos da banda Luiz Brasil (direção musical /cifras / violões e bandolim), Walter Villaça (violões e bandolim), Fernando Nunes (baixolão), Paulo Calasans (piano acústico Hammond e órgão Hammond), João Vianna (bateria, surdo, ganzá, ralador e lâmina), Lan Lan (percussão) e Thamyma Brasil (percussão), os músicos convidados Bernardo Bessler (violino), Iura (Cello), Alberto Continentino (contrabaixo acústico), Cristiano Alves (clarinete e clarone), Dirceu Leite (sax, flauta e clarineta), entre muitos outros. Este álbum foi composto por 17 faixas, acrescidas do Making Of, galeria de fotos, discografia e i.clip. O álbum vendeu até hoje mais de um milhão de cópias e se tornou o maior sucesso da carreira de Cássia, sendo que até então, apesar das boas vendagens e da experiência, ela não era considerada uma cantora extremamente popular.


DEZ DE DEZEMBRO (2002)
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PERFIL (2003)
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ROCK 'N RIO (2006)
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No mesmo ano de 2001, ela se apresentaria no Video Music Brasil, da MTV, ao lado de Rita Lee, Roberto de Carvalho e Nando Reis com "Top Top" d'Os Mutantes, presente no seu "Acústico MTV".

No fim do ano, ela se apresentaria na Praça do Ó, na Barra da Tijuca, no Rio, durante os festejos do réveillon. Faleceu dois dias antes, em 29 de dezembro. Foi substituída por Luciana Mello. Em vários pontos do Rio de Janeiro, fez-se um minuto de silêncio durante a homenagem da passagem do ano em memória de Cássia Eller. Vários artistas também prestaram homenagem à cantora em seus shows, na virada do ano.

RARIDADES (2008)
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Cássia Eller faleceu em 29 de dezembro de 2001, com apenas 39 anos, no auge de sua carreira, em razão de um infarto do miocárdio repentino. Foi levantada a hipótese de overdose de drogas, já que ela já fora usuária de cocaína. A suspeita foi considerada inicialmente como causa da morte, porém foi descartada pelos laudos periciais do Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro após autópsia. Encontra-se sepultada no Cemitério Jardim da Saudade no Rio de Janeiro.

Talking Heads

1992 - ONCE IN A LIFETIME
Talking Heads: The Best Of

01. Psycho Killer
02. Take Me to the River
03. Once in a Lifetime
04. Burning Down the House
05. This Must Be the Place (Naive Melody)
06. Slippery People (Live)
07. Life During Wartime (Live)
08. And She Was
09. Road to Nowhere
10. Wild Wild Life
11. Blind
12. (Nothing But) Flowers
13. Sax and Violins
14. Lifetime Piling Up

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Singularity

2002 - BETWEEN SUNLIGHT AND SHADOW

John Green | keyboards, vocals
Jamie McGregor | drums, vocals
Matt Zafiratos | guitar, bass, vocals

Drive
Invictus
Stratum
Endless
Flight
Inferno
In Passing
All Comes Down
Ground Zero
Still
Hold a Candle
Traces
Metamorphosis
Coming Undone
Infractus

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Kraftwerk


Texto: Priscilla Santos


Autobahn é o nome do disco lançado em 1974 pelo grupo alemão Kraftwerk, na época sob a liderança de Florian Schneider-Esleben e Ralf Hütter. Seria conhecido como a obra que colocaria os rapazes no mapa e que marcaria profundamente a música pop nos anos seguintes.

A primeira versão da música título do disco era longuíssima, tinha mais de 22 minutos e só pôde ser lançada nas rádios após uma edição que a levou para modestos 3:28 minutos, só assim poderia ser digerida por um público maior do que o interessado em perceber os meandros daquele álbum conceitual. "Autobahn" não era um hit como se acostuma empregar a palavra: era o primeiro encontro íntimo da música eletrônica com o público onde quase 30 anos de estudos matemáticos e sonoros finalmente produziam uma harmonia capaz de tocar as pessoas, independente do lugar que elas fossem, da cultura a que pertencessem.

A canção fala de um momento feliz em uma auto-estrada alemã. O sol, o horizonte, o passeio e o rádio tocando: wir fah'rn auf der autobahn (estamos dirigindo na auto-estrada).

Foi no governo Weimar e não no de Hitler, como apregoam, que as autobahns começaram a ser construídas. Em 1929, ano da grande depressão econômica global, o primeiro trecho começou a ser feito com a lentidão esperada de um projeto sem apoio político ou econômico, sendo entregue em 1931 o sonhado caminho que levaria automóveis e motocicletas de Colônia a Bonn sem a interferência de cruzamentos ou pedestres.

Em 1933, os nazistas começaram a executar um projeto dezenas de vezes mais ambicioso que o original, seguindo as megalomaníacas idéias arquitetônicas do chanceler Adolph Hitler. Servia ainda para objetivos econômicos e sociais do governo já que obras públicas, como se sabe, são uma forma rápida e inteligente de multiplicar as vagas de trabalho consequentemente diminuindo o desemprego e o plano funcionou primorosamente na Alemanha da época. Além disso, serviriam para ligar regiões estrategicamente interessantes na defesa militar e para a logística de ataque provocando, ato contínuo, as diferenças regionais - isso significava interligar o país e incentivar o nacionalismo pregado pelo ideal nazista. Nos anos anteriores e durante a Segunda Guerra, as estradas foram também usadas para dois outros importantes fins: pista de pouso para aviões e entreposto de trabalho escravo.


A grande guerra levou o mundo a um salto tecnológico jamais visto, ao menos não visto com aquela velocidade. Armas, aparelhos de telecomunicação, roupas, automóveis etc. foram aprimorados e, aproveitando os incentivos econômicos da reconstrução, novas possibilidades se abriram em áreas que nem tinham nada a ver com o conflito. As rádios começaram a dispor de estúdios bem equipados e dentro delas duas correntes disputavam pelo melhor conceito e melhor execução da chamada música eletroacústica: os franceses com a Musique concrète e os alemães com a Elektronische Musik.

Durante anos o grupo de Paris e o grupo de Colônia discutiram a respeito de métodos, cálculos, nomes, sinfonias e instrumentos, mas a verdade é que nenhum conseguia ser plenamente bem sucedido na harmonia daquelas execuções, nem torná-las realmente agradáveis. A entrada dos computadores na briga foi o início do entendimento entre os proto-DJs. Acadêmicos japoneses, poloneses, suíços, norte-americanos e italianos, capitalistas e comunistas, travavam embates em seus estúdios-laboratórios experimentais em uma concorrência sobre quem acharia os meios mais sofisticados de se produzir música algarítimica. Em 1963 surgiu o primeiro sintetizador, controlado por uma fita de papel perfurado. Vitória do bloco capitalista pois o americano Robert Moog seria o responsável por unir um teclado à calculadora gigante que eram os sintetizadores até então, e esse foi o passo decisivo para o acesso de outros àquela música visionária.

Na versão original de Autobahn encontramos um misto dos elementos já usados, até então, no Krautrock (rock-chucrute), mas tudo de modo nunca dantes visto ou ouvido. Esses são são elementos: a)um clássico sintetizador Moog executa toda a sessão de baixo da canção e determinados ecos; b) há um livre uso de phasing (a repetição de um determinado trecho), c) um vocoder, ou decodificador de voz, d) sistema de batidas 4/4 que cria uma impressão de ritmo parecida com a de estar dirigindo, e) flauta e guitarra acústicos e f) uma percussão eletrônica.

O resultado é uma imensa peça musical, quase monotônica de repetição contínua. A estrada, o passeio, a monotonia da paisagem, o vento e a experiência estão todos inclusos em cada pedaço de Autobanh, unidos por uma linha fina de ironia. O vídeo que se desenrola durante a sua execução não deixa dúvidas: imagens glamurosas, otimistas e romantizadas de famílias dirigindo felizes rumo ao sol... Ignorando os significados da estrada, hipnotizados pelos novos rumos da Alemanha Ocidental pré-queda do Muro de Berlim e pelas excitantes tecnologias que abarrotavam aquela parte da nação. Para Scheneider e Hütter , se via alí o início de uma existência semi-existência semi-humana.

Atualmente, as autobahnen ligam Alemanha, Áustria e Suíça por uma rede de 13,838 Km que cruza incríveis paisagens. São extremamente famosas já que, para além da musica e da história, não possuem limite de velocidade na maior parte de seus trechos.

1974 | AUTOBAHN

Autobahn
Kometenmelodie 1
Kometenmelodie 2
Mitternacht
Morgenspaziergang




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Chris Harwood


A história deste disco está muito bem contada aqui. Uma raridade no universo folk britânico, sempre muito cobiçado pelos colecionadores.

Este disco de Chris Harwood é um portento. Algo que se estranha no tom algo modesto das canções, mas ouvido agora e comparado com a enxurrada de edições da última década é tão fácil distingui-lo e colocá-lo lá em cima, no topo.

É um disco de uma força sutil mas que não precisa de muito tempo para nos cativar. E se no seu alinhamento facilmente somos embalados para colocar "Nice To Meet Miss Christine" ao lado de outros discos dessa altura, basta chegar a "Question Of Time" para repensarmos tudo o que ouvimos até então.

O resto compõe-se com o tempo, paciência e a atenção que o disco de Harwood exige. É um disco fora do seu tempo. Uma pérola.

1970 | NICE TO MEET, MISS CHRISTINE

01 | Mama
02 | Crying to Be Heard
03 | Wooden Ships
04 | Ain't Gonna Be Your Slave
05 | Question of Time
06 | Gotta Do My Best
07 | Before You Right Now
08 | Never Knew What Love Was
09 | Flies Like a Bird

Bonus:
10 | Hear What I Have To Say
11 | When I Come Home
12 | Romance

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terça-feira, 27 de novembro de 2012

The Band

The Last Waltz foi um concerto de rock realizado pelo grupo canadense The Band no Dia de Ação de Graças, em 25 de novembro de 1976 no Winterland Ballroom em São Francisco. The Last Waltz foi divulgado como o final da ilustre carreira ao vivo do The Band, e durante o concerto o grupo se reuniu com mais de uma dúzia de convidados especiais, incluindo Paul Butterfield, Eric Clapton, Neil Diamond, Bob Dylan, Emmylou Harris, Ronnie Hawkins, Dr. John, Joni Mitchell, Van Morrison, Ringo Starr, Muddy Waters, Ronnie Wood e Neil Young.

O evento foi filmado pelo cineasta Martin Scorsese e transformado em um documentário de mesmo nome, lançado em 1978. O filme traz cenas do concerto, registros de estúdio e entrevistas de Scorsese com os integrantes da banda. Um álbum triplo foi lançado em 1978. O filme foi relançado em DVD em 2002, juntamente com uma caixa com quatro CDs com o concerto e gravações de estúdios relacionadas a ele.

The Last Waltz é considerado um dos melhores filmes de rock já feitos, apesar de criticado por seu foco em Robbie Robertson.

OrigensA idéia de um concerto de despedida surgiu no princípio de 1976, depois de Richard Manuel se ferir gravemente em um acidente de barco. Robbie Robertson então passou a cultivar o projeto de deixar de excursionar e transformar o The Band numa banda de estúdio, similar à decisão dos Beatles de parar de fazer shows em 1966.

Apesar de os outros integrantes não concordarem com a decisão de Robertson, o concerto foi organizado no Winterland Ballroom de Bill Graham, onde o The Band fez sua estréia ao vivo em 1969. Originalmente o grupo tocaria sozinho, até surgir a intenção de convidar Ronnie Hawkins e Bob Dylan, ambos importantes no surgimento do The Band; a lista de convidados então foi ampliada para incluir outros artistas.

Concerto
The Band, com Bob Dylan e convidados, durante "I Shall Be Released"Promovido e organizado por Bill Graham, o concerto foi um evento elaborado. Começando às cinco da tarde com um jantar de peru oferecido à platéia de 5,000 pessoas, a noite começou com um baile dançante com música pela Berkeley Promenade Orchestra. A seguir, os poetas Lawrence Ferlinghetti e Michael McClure subiram ao palco para uma leitura de suas obras.

A apresentação do The Band começou por volta das nove da noite, abrindo com "Up on Cripple Creek" e continuando com onze das canções mais populares do grupo, como "The Shape I'm In", "This Wheel's on Fire" e "The Night They Drove Old Dixie Down".

Uma sucessão de convidados passou então a subir ao palco, começando com Ronnie Hawkins em "Who Do You Love?". Sob o nome The Hawks, o The Band servira como banda de apoio de Hawkins no começo da década de 1960. Em seguida, Dr. John sentou-se ao piano para apresentar a canção "Such a Night", sua marca registrada. Ele então mudou para a guitarra e juntou-se a Bobby Charles em "Down South in New Orleans".

A seguir veio um set de blues com participações de Paul Butterfield na gaita, Muddy Waters nos vocais, Pinetop Perkins ao piano e Eric Clapton nos vocais e guitarra. Neil Young foi o próximo, cantando "Helpless" com vocais de apoio por Joni Mitchell, que permaneceu fora do palco. Segundo Robbie Robertson, isso se deu para que sua participação posterior não perdesse impacto. Mitchell veio depois de Young e cantou três músicas, com o apoio de Dr. John nas congas.

Neil Diamond veio em seguida. Apesar de ser o único a não ter uma ligação direta com o The Band e sua música, foi convidado por Robertson, que havia acabado de produzir seu álbum Beautiful Noise, com a intenção representar no concerto o grupo de compositores da Tin Pan Alley de Nova Iorque. Segundo consta, ao sair do palco Diamond comentou com Bob Dylan, "Faça melhor", no que Dylan respondeu, "O que eu preciso fazer, subir no palco e cair no sono?".

Van Morrison então apresentou duas canções, um arranjo especial de "Tura Lura Lural (That's an Irish Lullaby)" em dueto com Richard Manuel e "Caravan", número de destaque em seus próprios shows.

Os canadenses Young e Mitchell foram chamados de volta para ajudar a banda com "Arcadian Driftwood", uma ode aos acadianos da história do Canadá. O The Band então tocou um breve set com mais algumas de suas músicas antes de Bob Dylan subir ao palco para liderar sua antiga banda de apoio durante quatro canções.

O The Band e todos os seus convidados, com a inclusão de Ringo Starr na bateria e Ronnie Wood na guitarra, apresentou em seguida "I Shall Be Released" como número de encerramento. Dylan, compositor da música, e Manuel, cuja gravação em falsete tornou a composição famosa em Music from Big Pink, dividiram os vocais principais, embora Manuel não seja mostrado no filme e alterne entre sua voz normal e em falsete entre os versos.

Duas jam sessions foram então apresentadas. "Jam #1" traz o The Band, menos Richard Manuel, tocando com Neil Young, Ronnie Wood e Eric Clapton na guitarra, Dr. John no piano, Paul Butterfield na gaita e Ringo Starr na bateria. A seguir veio "Jam #2", com os mesmos músicos menos Robertson e Danko. Stephen Stills, que chegou atrasado, tocou um solo de guitarra, enquanto Carl Radle ficou no baixo. O The Band voltou por volta das 2:15 da madrugada para um bis, encerrando o concerto com "Don't Do It".

Filmagem do concertoRobertson pretendia inicialmente registrar o concerto em 16 mm, e baseado em como a música foi utilizada no filme Mean Streets, decidiu convidar seu diretor Martin Scorsese para guiar o projeto. Sob a direção de Scorsese, o filme evoluiu para uma produção de estúdio completa, com sete câmeras 35 mm e diretores de arte, iluminação e fotografia.

As câmeras foram operadas por diversos cinematografistas, incluindo Michael Chapman (Raging Bull), Vilmos Zsigmond (Close Encounters of the Third Kind) e László Kovács (Easy Rider, Five Easy Pieces). O palco e a iluminação foram projetados por Boris Leven, diretor de arte de musicais como West Side Story e The Sound of Music. Com o auxílio de Bill Graham, o cenário da produção de La traviata da Ópera de São Francisco foi alugado e usado como pano de fundo do palco.

Scorsese fez storyboards detalhados de cada canção, definindo a iluminação e ângulos de câmera para se encaixarem em cada uma delas. Apesar de seus planejamentos os rigores de uma produção ao vivo, com a música em volume alto e as horas gastas filmando o show, acabaram provocando alguns contratempos, como câmeras defeituosas e a troca não planejada de rolos de filme. Consequentemente alguns momentos deixaram de ser registrados, como a execução de "Mannish Boy" por Muddy Waters. Todas as câmeras, exceto a de Kovács, estavam desligadas; frustrado pelas constantes instruções de Scorsese, ele havia removido seu fone de ouvido no começo do concerto, não recebendo portanto a ordem de parar de gravar. Enquanto Scorsese tentava desesperadamente reativar as outras câmeras, Kovács já estava filmando, sendo o único capaz de capturar a simbólica canção da lenda do blues.

Negociações com Bob DylanApesar de ter concordado em participar do concerto, Bob Dylan não queria que sua aparição fosse filmada, temendo que isso interferisse em Renaldo and Clara, seu próprio projeto cinematográfico. A Warner Bros havia concordado em financiar a gravação de The Last Waltz acreditando que Dylan estaria envolvido com o filme e sua trilha-sonora. As negociações prosseguiram até o dia do show, sendo discutidas inclusive durante um intervalo nas filmagens.

Robertson garantiu a Dylan que o lançamento do filme seria adiado até a estréia de Renaldo and Clara, e só então ele concordou em ser filmado. O promoter Bill Graham também se envolveu na discussão quando, já durante a apresentação, alguém da equipe de Dylan tentou interromper a gravação. "Saia já daí ou eu te mato", impediu Graham.

De acordo com Scorsese, Dylan estipulou que apenas duas de suas canções poderiam ser registradas: "Baby Let Me Follow You Down" e "Forever Young". O diretor relembrou mais tarde: "Quando Dylan subiu ao palco, o som estava tão alto que eu fiquei sem saber o que filmar. Bill Graham ficou perto de mim gritando, 'Grava! Grava! Ele vem das mesmas ruas que você. Não deixe ele te manipular'. Felizmente, seguimos nosso roteiro corretamente e conseguimos registrar as duas canções que foram usadas no filme".

Uso de drogasScorsese admitiu posteriormente que durante esta época estava viciado em cocaína. Drogas estavam presentes em grandes quantidades durante o concerto. Nos bastidores, um cômodo foi pintado de branco e decorado com narizes tirados de máscaras de plástico, enquanto uma fita de áudio com ruídos de inspiração era tocada ao fundo. Uma bolha de cocaína saindo do nariz de Neil Young foi capturada pelas câmeras e teve de ser editada através de rotoscopia durante o processo de pós-produção.

Pós-produção
Após o concerto, Scorsese continuou as filmagens por alguns dias em um estúdio da MGM com o The Band, os Staple Singers e Emmylou Harris. As versões de "The Weight" com os Staple e "Evangeline" com Emmylou foram incluídas no filme no lugar das versões ao vivo. Entrevistas com os integrantes do grupo foram conduzidas por Scorsese no Shangri-La, o estúdio do The Band situado em Malibu, Califórnia. Como complemento, Robertson compôs o tema "The Last Waltz Suite", utilizado como música incidental durante o filme.

Durante o processo de edição, Robertson e Scorsese ficaram amigos, e o compositor atuou eventualmente como produtor e consultor musical em projetos como Raging Bull, The King of Comedy, The Color of Money, Casino, Gangs of New York e The Departed.

Devido aos compromissos de Scorsese com as filmagens de New York, New York e American Boy: A Profile of Steven Prince, o lançamento de The Last Waltz foi adiado até 1978.

Reconhecimento da crítica
O filme foi um sucesso de crítica, sendo listado frequentemente entre os maiores registros já realizados de um concerto musical. Michael Wilmington, crítico de cinema Chicago Tribune, chamou-o de "melhor filme de rock ao vivo já feito—e provavelmente o melhor filme de rock já lançado, ponto final". Terry Lawosn do Detroit Free Press considerou-o uma das "melhores experiências cinematográficas", enquanto o Total Film chamou-o de "maior concerto musical em película". No Rotten Tomatoes, o filme apresenta um total de 97% de aprovação, com apenas uma resenha negativa entre 37.

O crítico musical Robert Christgau deu à trilha-sonora a classificação "B+", dizendo que "o filme é capaz de aprimorar o que só é escutado no álbum". Ele elogia os números de blues de Muddy Waters e Paul Butterfield, os arranjos de metais de Allen Toussaint, e o "furioso, ainda que confuso" dueto de guitarra de Robertson e Eric Clapton.

Desaprovação de Levon HelmEm sua autobiografia This Wheel's on Fire, lançada em 1993, Levon Helm expressa sérias ressalvas em relação ao filme, afirmando que Martin Scorsese e Robbie Robertson conspiraram para fazer o The Band parecer uma mera banda de apoio de Robertston. Ele afirma que o guitarrista, mostrado cantando potentes vocais de apoio, estava na verdade usando um microfone desligado (prática comum nas apresentações ao vivo do grupo, pois Robertson não se considerava um bom cantor).

Helm disserta sobre o tempo mínimo concedido às aparições de Manuel e Hudson, a situação mais absurda segundo ele sendo a hora que Manuel apresenta "I Shall Be Released"; os diversos convidados especiais são mostrados—inclusive Ronnie Hawkins, que não fazia nada no palco—exceto o próprio pianista, que cantava a música que se tornou célebre devido justamente a seus vocais em falsete. Durante o filme, no entanto, percebe-se um cameraman tentando filmar Manuel ao piano, que supostamente desiste devido a problemas técnicos ou por não conseguir obter um bom ângulo.

Helm chegou ao ponto de dizer que Last Waltz foi "a maior sacanagem que já aconteceu com o The Band", citando que ele, Manuel, Danko e Hudson jamais receberam um centavo das diversas versões do projeto lançadas em disco, CD, VHS e DVD pela Warner Bros.

No livro, o produtor John Simon também afirma que, com a exceção da bateria e dos vocais de Levon e da participação de Muddy Waters, toda a trilha-sonora sofreu overdubs em estúdio.

Lançamento em DVDPara o 25º aniversário do concerto em 2002, o filme foi remasterizado e uma nova versão cinematográfica produzida para uma exibição limitada em promoção ao lançamento do DVD e sua respectiva trilha-sonora em uma caixa de quatro CDs. Estreou em 5 de abril daquele ano no Castro Theatre, em São Francisco, com a exibição posteriormente expandida para quinze salas.

O DVD apresenta uma faixa de comentários por Robertson e Scorsese, o bônus Revisiting The Last Waltz e uma galeria de imagens do concerto, da filmagem em estúdio e da sessão de estréia original. Traz também como bônus as cenas de "Jam #2", que é interrompida pois a equipe de produção ficara sem sincronizadores de som para as câmeras após dez horas de filmagens ininterruptas.

Músicos

The BandRick Danko – baixo, violino, vocal
Levon Helm – bateria, bandolim, vocal
Garth Hudson – órgão, piano, acordeão, sintetizador, saxofone soprano
Richard Manuel – piano, órgão, bateria, clavinete, dobro, vocal
Robbie Robertson – guitarra, piano

Instrumentos de sopro
Rich Cooper – trompete, fliscorne
James Gordon – flauta, saxofone tenor, clarinete
Jerry Hey – trompete, fliscorne
Howard Johnson – tuba, saxofone barítono, fliscorne, clarinete baixo
Charlie Keagle – clarinete, flauta, saxofone
Tom Malone – trombone, eufônio, flauta alto
Larry Packer – violino elétrico
Arranjos por Henry Glover, Garth Hudson, Howard Johnson
Tom Malone, John Simon e Allen Toussaint

Outros músicosBob Margolin – guitarra (Muddy Waters)
Dennis St. John – bateria (Neil Diamond)
John Simon – piano em "Tura Lura Lural" e "Georgia On My Mind"

Convidados
Paul Butterfield – harmônica, vocal
Bobby Charles – vocal
Eric Clapton – guitarra, vocal
Neil Diamond – guitarra, vocal
Dr. John – piano, guitarra, congas, vocal
Bob Dylan – guitarra, vocal
Bill Graham – mestre de cerimônias
Emmylou Harris – violão, vocal
Ronnie Hawkins – vocal
Joni Mitchell – violão, vocal
Van Morrison – vocal
Pinetop Perkins – piano, vocal
Carl Radle – baixo
Cleotha Staples – vocal de apoio
Mavis Staples – vocal
Roebuck "Pops" Staples – guitarra, vocal
Yvonne Staples – vocal de apoio
Ringo Starr – bateria
Stephen Stills – guitarra
Muddy Waters – vocal
Ronnie Wood – guitarra
Neil Young – guitarra, harmônica, vocal

Fonte: Wikipédia
THE LAST WALTZ - BOX SET
DISC 1
01. Theme From the Last Waltz
02. Up on Cripple Creek
03. The Shape I'm In
04. It Makes No Difference
05. Who Do You Love? (with Ronnie Hawkins)
06. Life Is a Carnival
07. Such a Night (with Dr. John)
08. The Weight
09. Down South in New Orleans (with Bobby Charles)
10. This Wheel's on Fire
11. Mystery Train (with Paul Butterfield)
12. Caldonia (with Muddy Waters)
13. Mannish Boy (with Muddy Waters and Pul Butterfield)
14. Stage Fright

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DISC 2
01. Rag Mama Rag
02. All Our Past Times (with Eric Clapton)
03. Further on up the Road (with Eric Clapton)
04. Ophelia
05. Helpless (with Neil Young and Joni Mitchell)
06. Four Strong Winds (with Neil Young)
07. Coyote (with Joni Mitchell)
08. Shadows and Light (with Joni Mitchell)
09. Furry Sings the Blues (with Joni Mitchell)
10. Acadian Driftwood
11. Dry Your Eyes (with Neil Diamond and Dennis St. John)
12. W.S. The Walcott Medicine Show
13. Tura Lura Lura (That's an Irish Lullaby) (with Van Morrison)
14. Caravan (with Van Morrison)

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DISC 3
01. The Night They Drove Old Dixie Down
02. The Genetic Method / Chest Fever (excerpt from movie soundtrack)
03. Baby Let Me Follow You Down (with Bob Dylan)
04. Hazel (with Bob Dylan)
05. I Don't Believe You (She Acts Like We Never Have Met) (with Bob Dylan)
06. Forever Young (with Bob Dylan)
07. Baby Let Me Follow You Down (Reprise) (with Bob Dylan)
08. I Shall Be Released (Finale)
09. Jam #1
10. Jam #2
11. Don't Do It
12. Greensleeves (from movie soundtrack)

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DISC 4
01. The Well
02. Evangeline (with Emmylou Harris)
03. Out of the Blue
04. The Weight (with The Staples)
05. The Last Waltz Refrain
06. Theme From the Last Waltz
07. King Harvest (Has Surely Come)
08. Tura Lura Lura (That's an Irish Lullaby) (with Van Morrison)
09. Caravan (with Van Morrison)
10. Such a Night (with Dr. John)

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Chikako | Leave The Flow






segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Novos Baianos


“Os Novos Baianos foram um jeito novo de resolver problemas”, diz Paulinho Boca de Cantor em trecho do documentário Novos Baianos Futebol Clube, rodado em 1973 por Solano Ribeiro no Cantinho do Vovô, o sítio onde a mítica banda baiana viveu em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, no começo dos anos 1970.

Paulinho se referia à aposta contracultural que compartiu no período com os companheiros músicos e agregados: a de viver em comunidade, basicamente jogando futebol e criando música a maior parte do tempo, em pleno auge da ditadura militar. Sem quase nenhum dinheiro, mas com muito talento, Os Novos Baianos conceberam e registraram ali, entre outras belezas, Acabou Chorare, seu segundo disco, um dos maiores clássicos da música brasileira, que em 2012 completa 40 anos de idade.

E que não envelheceu nem sequer um dia, como indicaria pesquisa feita pela revista Rolling Stone Brasil em 2007 junto a 60 críticos. A bolacha, gravada em apenas quatro canais e com lendárias técnicas improvisadas – o galinheiro do sítio transformado em estúdio, Pepeu Gomes usando peças tiradas de televisores para distorcer a guitarra -, foi eleita como a número 1 entre os 100 melhores discos nacionais de todos os tempos, segundo a enquete.

De fato, mesmo diante de toda a riqueza musical que se encontra do Oiapoque ao Chuí, é difícil bater a inspiração e a energia de Acabou Chorare. Então jovens hippies vidrados no rock psicodélico pós-Jimi Hendrix, Paulinho, Pepeu, Jorginho, Baby Consuelo (depois Baby do Brasil), Galvão, Dadi, Jorginho e outros colaboradores passaram a pesquisar a fundo ritmos brasileiros ao conviver com João Gilberto, amigo e espécie de guru da turma. O nome do álbum, aliás, surgiu de uma expressão da filha do bossanovista, a futura cantora Bebel Gilberto, então uma criança.

Excelentes músicos e compositores, levaram a fusão de rock com samba, baião e choro, já experimentada antes por gente como Jorge Ben e Mutantes, a um outro nível. Dançante, intenso e alegre, praticamente irresistível.

No registro de Solano Ribeiro – que também serviu de arquivo para o recente documentário Filhos de João – Admirável Mundo Novo Baiano , de Henrique Dantas- , a banda toca, em seu habitat natural, os principais clássicos do disco: A Menina Dança,Mistério do Planeta, Preta Pretinha… é imperdível. Inclusive pelos divertidos depoimentos dos integrantes, seus visuais espetaculares e as cenas em que jogam pelo Novos Baianos Futebol Clube (que realmente existia e até chegou a ser convidado para jogar em Recife).

Por: Daniel Setti

1972 | ACABOU CHORARE

01. Brasil Pandeiro
02. Preta Pretinha
03. Tinindo Trincando
04. Swing de Campo Grande
05. Acabou Chorare
06. Mistério do Planeta
07. A Menina Dança
08. Besta é Tu
09. Um Bilhete Pra Didi
10. Preta Pretinha (reprise)

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