sexta-feira, 1 de julho de 2011

Soneto 22

o espelho não me prova que envelheço
enquanto andares par com a mocidade;
mas se de rugas vir teu rosto impresso,
já sei que a morte a minha vida invade.

pois toda essa beleza que te veste
vem de meu coração, que é teu espelho;
o meu vive em teu peito, e o teu me deste:
por isso como posso ser mais velho?

portanto, amor, tenhas de ti cuidado
que eu, não por mim, antes por ti, terei;
levar teu coração, tão desvelado
qual ama guarda o doce infante, eu hei.

e nem penses em volta, morto o meu,
pois para sempre é que me deste o teu.

william shakespeare

...::: para ana paula :::...
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