quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Billie Holiday


Nova York, manhã de 17 de julho de 1959. Aos 44 anos, com o organismo debilitado pelo uso contínuo e descontrolado de drogas e álcool, morre no Metropolitan Hospital, no Harlem, a cantora Billie Holiday, a mais pungente e emocionante intérprete da história do jazz.

Internada mais uma vez para se tratar do vício em heroína, do qual nunca conseguiu se livrar, Billie morreu sob vigilância policial e, segundo alguns biógrafos, algemada na cama, depois de denunciada à polícia por uma enfermeira que a teria surpreendido consumindo entorpecentes no hospital. Durante a necropsia, os médicos encontraram US$ 750 escondidos dentro de uma meia de seda que ela usava, o último dinheiro de Billie.

As condições degradantes em que a intérprete morreu são o último capítulo de uma biografia singular do show business. Negra, pobre, nascida numa América preconceituosa e repressora, Billie Holiday passou fome, se prostituiu ainda adolescente, descobriu na música o caminho para superar as dificuldades, tornou-se uma estrela e, depois, mergulhou no desespero do vício que a destruiu.

Uma vida sem regras, forjada no desequilíbrio entre talento e sofrimento, ambos em doses nada homeopáticas, ingredientes mais que suficientes para transformar a cantora em um mito. E é como mito que Lady Day (apelido carinhoso que recebeu do saxofonista Lester Young) permanece, passados 50 anos do fim melancólico naquele hospital do Harlem.

Não apenas como a dona de uma voz única, que misturava melancolia, rouquidão e sensualidade, mas também como a artista que influenciou os rumos do jazz, despertou admiração e se tornou um símbolo impossível de ser substituído. No palco, era uma diva, que aprendeu a fazer da voz um requintado instrumento, que nunca cantava uma música da mesma forma duas vezes.

Fora de cena, um turbilhão. Da genialidade ao vício em heroína, cocaína, maconha e álcool, passando pelas desilusões amorosas, envolvimentos sexuais com homens e mulheres, miséria e prostituição, tudo foi incrivelmente rápido e superlativo na vida de Billie Holiday, cujo nome verdadeiro era Eleanora Fagan. Aos 10 anos, vinda de uma família desajustada, foi parar em um reformatório juvenil, onde ficou um ano. Aos 12, nova temporada no reformatório.

Aos 13, pequenos serviços de limpeza num bordel, contato com a música e, provavelmente, as primeiras incursões na prostituição. Já não tinha corpo de menina e chamava a atenção dos clientes. Aos 14, de volta à prisão, desta vez, um estabelecimento penal para adultos, onde ficou pouco mais de três meses. Quando saiu, já estava tomada pela música e, em plena efervescência do blues e do jazz, passou a se apresentar em espeluncas da área negra de Nova York, até ser descoberta pelo crítico John Hammond, que a apresentou ao bandleader Benny Goodman, tornando-se a cantora da orquestra do clarinetista e maestro. De quebra, um sofrido romance com o músico, branco e bem mais velho que ela.

Bela, talentosa, geniosa e dona de um instinto afinado para se envolver com cafajestes, entre eles o primeiro marido, Johnnie Monroe. Depois de Monroe viriam mais dois casamentos, com Joe Guy e Louis McKay. Monroe lhe fornecia drogas e era violento. Guy a convenceu a montar sua própria orquestra e lhe tirou uma bela quantia. McKay também era violento. Além dos maridos, Billie, de acordo com as fofocas da época, teria se envolvido com Clark Gable e com o ator e cineasta Orson Welles. Também se tornou amiga íntima da atriz Tallulah Bankhead.

Esse maremoto afetivo era regado com doses generosas das mais variadas drogas e bebida, o que trouxe a decadência de maneira tão rápida como chegou a fama. De 1933 a 1944, Lady Day viveu seu apogeu. A partir da segunda metade da década de 1940, já sem controle sobre o vício, o frescor e a jovialidade de sua voz começam a se perder. Em 1947, é presa por porte de heroína. O início da década de 1950 a encontra sob os holofotes da imprensa, mas, desta vez, para destacar seus exageros etílicos e com os entorpecentes.

Uma chance de salvação vem da Europa, onde o público ansiava por ver os grandes nomes do jazz. De volta à América, sem dinheiro, praticamente esquecida pelo público, empresários e gravadoras, decide escrever sua biografia e, em parceria com o jornalista sensacionalista William Dufty, lança Lady sings the blues. O livro, além das imprecisões históricas e romanceadas sobre a vida da intérprete, tem uma overdose de autocomiseração. De qualquer forma, o livro lhe devolve um pouco da fama e a diva volta a fazer alguns shows, mas já completamente destruída pelos anos a fio de vício.

Seu último grande momento como intérprete é a gravação de um programa de TV, em 8 de dezembro de 1957, nos estúdios da rede CBS, em Nova York, talvez o resumo perfeito da tragédia pessoal da cantora. Convidada a participar do programa The sound of jazz, de grande sucesso na época, Lady Day não era mais sequer a sombra da intérprete que reinou nas décadas de 1930 e 1940. Os pouco mais de oito minutos da gravação podem ser vistos no Youtube e têm um começo no mínimo constrangedor. A voz de Billie, quase um fiapo, é praticamente inaudível quando a cantora, depois de anunciada, balbucia algumas palavras sobre a importância do blues.

À visível decadência vocal junta-se a figura de uma mulher maltratada, que se assenta num banco alto e, de microfone em punho, espera o fim do primeiro solo, de Ben Webster, para cantar. Mas basta Lady Day interpretar os primeiros versos de Fine and mellow, um blues de sua autoria, gravado pela primeira vez em 1939, para o fiapo de voz, encharcado de melancolia, assumir proporções gigantescas. Mesmo no outono da vida e da carreira, ela se veste com suas dores e tristezas e as transforma em música e em arte.

Texto | Álvaro Fraga

1958 | LADY IN SATIN
(with Ray Ellis And His Orchestra)


01. I'm A Fool To Want You
02. For Heaven´s Sake
03. You Don't Know What Love Is
04. I Get long Without You Very Well
05. For All We Know
06. Violets For Your Furs
07. You've Changed
08. It's Easy To Remember
09. But Beautiful
10. Glad To Be Unhappy
11. I'll Be Around
12. The End Of A Love Affair
13. The End Of A Love Affair (stereo, bonus track)

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2015 | LADY IN SATIN | The Centennial Edition
(with Ray Ellis And His Orchestra)


CD 1
01. I'm A Fool to Want You
02. For Heaven's Sake
03. You Don't Know What Love Is
04. I Get Along Without You Very Well
05. For All We Know
06. Violets for Your Furs
07. You've Changed
08. It's Easy to Remember
09. But Beautiful
10. Glad to Be Unhappy
11. I'll Be Around
12. The End of a Love Affair (Stereo master-take 4 with vocal overdub take 8)
13. I'm A Fool to Want You (Mono Master-take 3)
14. The End of a Love Affair (Mono master-take 4 with vocal overdub take 8)
15. Fine and Mellow

CD 2
01. You Don't Know What Love Is (takes 1-3)
02. I'll Be Around (takes 1 & 2)
03. I'll Be Around (takes 3 & 4 plus inserts)
04. For Heaven's Sake (take 1)
05. But Beautiful (take 1)
06. For All We Know (take 1)
07. For All We Know (take 2)
08. For All We Know (takes 3 & 4)
09. It's Easy To Remember (takes 1 & 2)
10. It's Easy To Remember (takes 3-7)
11. I'm A Fool To Want You (take 1)
12. I'm A Fool To Want You (takes 2 & 3)
13. The End Of a Love Affair (takes 1-4)

CD 3
01. The End Of A Love Affair (vocal overdub takes 1-4)
02. The End Of A Love Affair (vocal overdub takes 5-7)
03. Glad To Be Unhappy (takes 1 & 2)
04. Glad To Be Unhappy (take 3)
05. Glad To Be Unhappy (tales 4-7)
06. You've Changed (takes 1-3)
07. I Get Along Without You Very Well (takes 1 & 2)
08. I Get Along Without You Very Well (takes 3 & 4)
09. I Get Along Without You Very Well (take 5)
10. Violets For Your Furs (takes 1-3)
11. Violets For Your Furs (takes 4 & 5)
12. Violets For Your Furs (take 6)

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segunda-feira, 26 de agosto de 2019

V.A. Sub


Sub é uma coletânea lançada em 1983 pelo selo Estúdios Vermelhos (o primeiro selo de Redson, vocalista e guitarrista do Cólera).

É uma das primeiras coletâneas de hardcore punk da America Latina (a primeira é Grito Suburbano, com as bandas Cólera, Inocentes e Olho Seco), sendo respeitado e aclamado internacionalmente.

Inicialmente era para ser um álbum inteiro do Coléra, mas devido as idéias comunistas do músico na época, ele resolveu chamar mais três bandas: Ratos de Porão, Psykóze e Fogo Cruzado.

A edição original teve uma tiragem de 1000 cópias, todas elas na cor vermelha. Tinha três defeitos graves na capa: o primeiro era a abertura da capa, feita pelo lado contrário. O segundo era a cor vermelha em outro tom, diferente do planejado. Por fim, as músicas da banda Psykóze e Ratos de Porão tinham os nomes diferentes do vinil.

A segunda edição (lançada pelo selo Ataque Frontal) corrigiu esses defeitos e lançou o disco conforme o planejado originalmente. Essa edição contou com 1000 cópias na cor vermelha, 500 cópias na cor verde e 500 cópias pretas.

Foi relançado em CD pela Devil Discos.

Texto | Wikipédia

1982 | SUB

01. Ratos de Porão | Parasita
02. Ratos de Porão | Vida Ruim
03. Ratos de Porão | Poluição Atômica
04. Cólera | X.O.T.
05. Cólera | Bloqueio Mental
06. Cólera | Quanto Vale a Liberdade?
07. Psykóze | Terceira Guerra Mundial
08. Psykóze | Buracos Suburbanos
09. Psykóze | Fim do Mundo
10. Fogo Cruzado | Desemprego
11. Fogo Cruzado | União Entre Punks do Brasil
12. Fogo Cruzado | Delinqüentes
13. Ratos de Porão | Não Podemos Falar
14. Ratos de Porão | Realidades da Guerra
15. Ratos de Porão | Por Quê
16. Cólera | Histeria
17. Cólera | Zero-Zero
18. Cólera | Sub-Ratos
19. Psykóze | Vítimas da Guerra
20. Psykóze | Alienação do Homem Moderno
21. Psykóze | Desilusão
22. Fogo Cruzado | Inimizade
23. Fogo Cruzado | Punk Inglês
24. Fogo Cruzado | Terceira Guerra

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sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Einstürzende Neubauten


Einstürzende Neubauten (que significa "Novos Prédios Desmoronando" em alemão e se pronuncia mais ou menos Ains-tir-tzende Nói-bauten).

A banda foi fundada na cidade de Berlim, na parte oriental, em 1980. Após algumas mudanças de formação, a banda lançou seu primeiro álbum, Kollaps, no ano seguinte com Blixa Bargeld (vocal, guitarra, efeitos), N. U. Unruh (percussão, vocal) e F. M. Einheit (percussão, vocal).

A primeira coisa que chama a atenção em Kollaps é a capa. O símbolo (que seria registrado posteriormente pela banda) é baseado em registros de homens das cavernas no México. Ninguém sabe ao certo o que ele significa, mas o simpático humanoide está para o Einstürzende Neubauten como Eddie está para o Iron Maiden, por exemplo.

Mas o mais assombroso de Kollaps está longe de ser o homenzinho ou o nome difícil da banda. Logo na primeira faixa, Tanz Debil, fica evidente o quanto este álbum é pioneiro e vai na contramão dos lançamentos de destaque de sua época. Entre gritos de "Stell dich tot" e "Gier!" (Finja-se de morto e Ganância!, respectivamente), uma ritmo forte e metálico começa e segue pela música inteira, criando uma atmosfera de um futuro dominado por máquinas. O Ministry e o Nine Inch Nails fariam algo semelhante, mas quase uma década depois e de uma maneira muito mais acessível. A música anuncia muito bem a proposta do álbum.

A guitarra e os vocais de Bargeld são totalmente distorcidos. No caso da guitarra, há momentos em que você não consegue distinguir ela dos demais ruídos percussivos das músicas. A voz não entoa uma melodia, mas gritos angustiados e angustiantes. É o humano realmente se confundindo com a máquina, e tudo isso bem diante dos seus ouvidos.

Se Tanz Debil já anunciava o clima robótico assassino, Steh auf Berlin cospe isso na cara do ouvinte. Um barulho saturado de uma furadeira começa e logo as percussões de N. U. Unruh e F. M. Einheit parecem simular uma fábrica de alguma coisa realmente matadora, parecendo uma metralhadora junto com os berros de Bargeld ao fundo. Diversos ruídos de ferramentas aparecem ocasionalmente, e o mais impressionante é que é tudo analógico - são ferramentas mesmo, e a banda reproduzia ao vivo.

O que mais me intriga sobre a música dita industrial é a maneira como sons que simulam máquinas e objetos inanimados - latas, furadeiras, ruídos em geral - conseguem causar tantas emoções no ouvinte. Eu não consigo imaginar uma pessoa que escute este álbum e fique indiferente. É algo mais sinestésico que a experiência de ouvir música.

A sequência Negativ Nein, U-Haft Muzak, Draußen ist Feindlich e Hören mit Schmerzen traz uma percussão perturbadoramente lenta. É angustiante como o som do Bärenjude (o "urso judeu" de Bastardos Inglórios) batendo seu taco de baseball contra a grade antes de brutalizar o soldado nazista. Junto com ruídos e gritos soa como seria se o inferno fosse hi-tech.

O momento mais surpreendente, dado o choque inicial, certamente é Jet'M. Trata-se de um cover de uma música muito famosa do fim dos anos 60 chamada Je T'aime Moi Non Plus, um dueto do compositor Serge Gainsbourg e sua amante Jane Birkin. A música original é repleta de gemidos e sussurros, mas a versão do Einstürzende Neubaten soa como a trilha sonora de um filme pornô de robôs malvados.

A faixa título tem quase 8 minutos e novamente cria uma atmosfera apocalíptica. A guitarra de Bargeld toca acordes dissonantes precisamente no começo de cada compasso, como se fosse um metrônomo. É previsível e imprevisível ao mesmo tempo, uma vez que os gritos criam uma outra textura.

Sehnsucht traz um piano (!) e é a que mais se aproxima de uma "balada", tanto pela melodia quanto pela voz. Ela dá lugar para o filler Vorm Krieg, uma faixa de 20 segundos que parece um rádio mal sintonizado, e então a sequência de encerramento começa com Hirnsage, uma música lenta e linear. Bargeld soa como um instrutor de exercícios no meio do mundo real e robótico de Matrix.

Abstieg und Zerfall tem diversos falsos crescendos, criando uma expectativa que nunca chega. A percussão parece uma bomba relógio, mas a explosão só traz o silêncio. E quando você acha que a última faixa vai explodir, Helga traz apenas mais estática com uma voz ao fundo, e este é o fim de Kollaps.

Kollaps é um álbum sensacional, mas deve ser ouvido como uma peça completa, e não como uma simples coleção de músicas. É incrível o quanto ele é diferente, até hoje, de tudo o que você já escutou.

Recomendadíssimo.

Texto retirado de | Música Estranha e Boa

1981 | KOLLAPS

01. Tanz Debil
02. Steh auf Berlin
03. Negativ Nein
04. U-Haft-Muzak
05. Draußen ist Feindlich
06. Schmerzen Hören (Hören mit Schmerzen)
07. Jet'm
08. Kollaps
09. Sehnsucht
10. Vorm Krieg
11. Hirnsäge
12. Abstieg & Zerfall
13. Helga

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terça-feira, 20 de agosto de 2019

V.A. Grito Suburbano


Grito Suburbano é um álbum-compilação com três bandas brasileiras de punk rock, e foi o primeiro álbum de bandas brasileiras desse gênero musical.

Lançado no formato LP pela Punk Rock Discos em 1982, apresenta as bandas Olho Seco, Inocentes e Cólera, com quatro faixas cada. O álbum foi lançado na Alemanha em 1984, pela Vinnyl Boogie no formato LP, com o nome de Volks Grito.

Em 2000 foi relançado no formato de CD, com faixas-bônus do show de lançamento do álbum. Em julho de 2016, foi eleito pela revista Rolling Stone Brasil como o 4º melhor disco de punk rock do Brasil.

Fábio Sampaio, vocalista do Olho Seco, alugou um estúdio de oito canais da Gravodisc para que Olho Seco, Cólera, Inocentes, Anarkólatras e M-19 registrassem suas músicas.

Tinham apenas 12 horas, divididas em dois períodos, para captar ao vivo toda a raiva e urgência daquela geração. Os técnicos do estúdio, habituados a artistas sertanejos, se assustaram com aquele ruído de serra elétrica que atrapalhava as sessões feito pelos pedais de distorção. No confuso processo de captação, a primeira gravação feita com o Anarkólatras e M-19 ficou de péssima qualidade, e tiveram problemas quando foram regravar e acabaram ficando de fora da compilação.

Texto | Wikipédia

1982 | GRITO SUBURBANO

01. Dose Brutal | Faces da Morte
01. Olho Seco | Desespero
02. Olho Seco | Sinto
03. Inocentes | Medo de Morrer
04. Inocentes | Garotos do Subúrbio
05. Cólera | João
06. Cólera | Gritar
07. Olho Seco | Lutar, Matar Olho Seco
08. Olho Seco | Eu Não Sei Olho Seco
09. Inocentes | Guerra Nuclear
10. Inocentes | Pânico em SP
11. Cólera | Subúrbio Geral
12. Cólera | Hhei!

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sábado, 17 de agosto de 2019

Big Brother & The Holding Company


Pouco antes do lançamento do primeiro álbum, o grupo mandou ver no Monterey Pop Festival, aguçando a visão dos empresários da Columbia, que compraram os direitos da pequena Mainstream e partiram para lançar o segundo disco de Janis e cia.

A Columbia queria gravar o disco ao vivo, e assim, organizou uma extensa turnê pelos Estados Unidos, com o Big Brother & The Holding Company sendo o primeiro grupo californiano a apresentar-se em Nova York. O show no The Grande Ballroom de Detroit foi registrado, mas não agradou nem à gravadora nem ao grupo. A solução para encontrar a potência sonora de improvisos ao vivo foi justamente gravar ao vivo no estúdio, com a inserção de palmas e assovios. A Columbia conseguiu essa façanha com sobras: nascia assim o melhor disco da era flower power, além de ser o mais representativo e mais famoso da carreira de Janis.

Cheap Thrills é um apanhado de clássicos, superior aos dois outros principais concorrentes a melhor disco da Califórnia sessentista (Moby Grape, do grupo de mesmo nome, lançado em 1968, e Surrealistic Pillow, do Jefferson Airplane, de 1967). Esse é o verdadeiro baú dos tesouros do grupo, desde sua abertura com a energética e cheia de improvisos “Combination of the Two“, com um show de vocalizações de Janis Joplin, passando pela emocionante “I Need a Man To Love”, com a vocalista implorando por um homem correto para poder amar, chegando na clássica verão para “Summertime” (original dos irmãos Gershwin), com um tocante arranjo feito por Andrew, e com Janis cantando muito, além do encerramento do Lado A com o conhecidíssimo riff de “Piece of My Heart”, onde Janis oferece mais um espaço de seu coração para o amor que lhe menospreza. Cheap Thrills mostra toda a evolução técnica que Andrew, Gurley, Albin e o baterista David Getz haviam conseguido, e, principalmente, como Janis realmente era o centro das atenções.

O que ela faz no Lado A, ainda que seja fantástico, não é nada comparado ao Lado B, que abre com a ótima “Turtle Blues”, trazendo a participação de Albin no violão e John Simon ao piano, resgatando as raízes blueseiras da cantora. Depois vem o momento de Albin no LP, responsável por cantar e fazer o solo de “Oh Sweet Mary“, uma reformulação de “Coo-Coo”, que ganhou uma passagem vocal construída por Janis e um viajante solo de guitarra, acompanhado por uma hipnotizante cítara, em uma das canções menos conhecidas da carreira de Janis Joplin, mas que é uma baita música. Se ela é pouco conhecida, isso se deve à grandiosidade da obra-prima que encerra o LP, “Ball and Chain“. Essa é a canção que revelou Janis ao mundo, na citada apresentação de Monterey, e neste disco, é a única gravada realmente diante uma plateia, em Winterland. O que Janis faz é de tirar o fôlego.

A mudança do arranjo original (criado por Big Mama Thorton), adicionando escalas menores, transformam um alegre blues em algo sombrio e triste, auxiliando ainda mais para que Janis coloque o pulmão e o coração na garganta, arrancando lágrimas da agulha do toca-discos. Em “Ball and Chain”, Janis bota no chão todas (eu digo todas mesmo) as cantoras de rock, jazz, blues… Qualquer estilo, agonizando os últimos minutos de sua vida através de um canto. O que a mulher faz não dá para descrever em nenhuma palavra.

Claro que o arrepiante (mesmo sem técnica) solo de Gurley, com sua guitarra gemendo muito, ajuda ainda mais no clima depressivo da canção, mas é Janis quem comanda todas as ações, principalmente no crescendo final, quando ouve-se Janis cantar “this can’t be” e seus “no no no”, fora todos os gritos extraídos sabe lá Deus de onde, é para ficar arrepiado por dias. Ainda há o longo grito final de Janis, para no seu momento a capella, diante de um público que a aplaude e ovaciona, encantado ao ver e ouvir a jovem garota soltando sua emoção, chorando ao microfone, quando pronuncia as últimas palavras, que são o nome da canção, com o público inteiro aplaudindo muito o que acabou de presenciar. O resultado disso fez de Cheap Thrills o disco mais vendido da história do flower power em seu lançamento (um milhão de cópias na primeira semana), conquistando seu espaço como a primeira superstar do rock.

Oito músicas ficaram de fora do álbum, e seis delas saíram posteriormente no álbum Farewell Song (1982), que são: “Catch Me Daddy”, “Farewell Song”, “Magic of Love”, “Amazing Grace”, “Hi-Heel Sneakers” e “Harry”, porém creditadas sob a alcunha “Janis Joplin with Big Brother & The Holding Company”. As demais, “It’s a Deal” e “Easy Once You Know How”, saíram como bônus na caixa Box of Pearls, que no relançamento de Cheap Thrills veio com mais quatro bônus: “Roadblock”, “Flower in the Sun”, “Catch Me Daddy” e “Magic of Love”, as duas últimas gravadas ao vivo no The Grande Ballroom, em 1968. Do registro original, “Piece of My Heart” e “Down on Me” apareceram posteriormente no álbum Janis in Concert (1972).

O sucesso da cantora a levou a sair amigavelmente do grupo, que encerrou as atividades por um breve período, já que Janis levou com ela Sam Andrew, seguindo uma curta mas excepcional carreira solo.

Texto retirado de | Consultoria do Rock

1968 | CHEAP THRILLS

01. Combination of the Two
02. I Need a Man to Love
03. Summertime
04. Piece of My Heart
05. Turtle Blues
06. Oh, Sweet Mary
07. Ball and Chain


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quarta-feira, 14 de agosto de 2019

V.A. O Começo do Fim do Mundo


'O Começo do Fim do Mundo' e a invasão punk na fábrica da Pompeia

“Faça você mesmo”, traduzido do inglês Do it Yourself, foi um dos grandes lemas do movimento punk, que surgiu em meados dos anos 1970 nos Estados Unidos e se espalhou pelo mundo ocidental nos anos seguintes. Foi também o lema que conduziu, em novembro de 1982, a organização do festival O Começo do Fim do Mundo, realizado no recém-inaugurado Sesc Pompeia com a presença de 20 bandas de punk rock de São Paulo e do ABC paulista. Se o Sesc ainda não possuía o equipamento de som necessário, alguns amplificadores, microfones e caixas de som resolveram a situação; se os membros de algumas bandas nem tinham seus próprios instrumentos, pegaram emprestado de outras; se não havia espaço para divulgação na mídia, alguns cartazes, flyers e o boca a boca cumpriram o papel. Difícil seria imaginar que, apesar do improviso – ou talvez por isso mesmo –, o evento se tornaria um marco na história da música nacional, com grande repercussão inclusive no exterior.

A ideia partiu do escritor e dramaturgo Antônio Bivar, importante agitador da contracultura brasileira, que percebeu a força que o movimento punk ganhara entre jovens de origem proletária da região metropolitana de São Paulo. Ainda sob o regime militar, em tempos de crise econômica e desesperança no futuro, os jovens punks flertavam com o anarquismo e questionavam o sistema como um todo – governo, polícia, mídia, burguesia, etc. Por isso mesmo, a própria aceitação do Sesc (Serviço Social do Comércio, ligado ao empresariado) em realizar o evento foi uma surpresa vista com desconfiança por algumas bandas, acostumadas a tocar em “buracos” e festas sem nenhuma estrutura ou vínculo oficial. Mas o novo espaço projetado por Lina Bo Bardi de fato se mostrava aberto a novas propostas e surgia ali uma oportunidade para o punk mostrar sua cara para um público mais amplo. Segundo Bivar, deu certo: “Acho que o festival colocou, espontaneamente, o punk na história do Brasil”.

Era uma oportunidade, também, para tentar unificar um movimento fortemente rachado pela rivalidade entre bandas e gangues do ABC contra as de São Paulo. Após uma preparação cautelosa, que envolveu a aceitação de uma trégua entre grupos rivais, O Começo do Fim do Mundo aconteceu, com casa lotada, em dois dias no espaço externo do Sesc. Além dos shows – de Inocentes, Ratos de Porão, Cólera, Negligentes, Olho Seco, Desertores e muitas outras –, exposições e barracas montadas para a divulgação de material punk (discos, fitas, fotos e fanzines) ocuparam a antiga fábrica da Pompeia. “Foi um festival mágico, que a gente conseguiu fazer em momento de crise do movimento, quando estava tendo várias tretas com as gangues. E a gente conseguiu juntar todos. Tudo que tinha de produção punk a gente juntou nesses dias. Porque basicamente só tinha 20 bandas, e foram as 20 que tocaram”, conta Ariel Invasor, ex-membro de Restos de Nada e Inocentes, hoje do Invasores de Cérebros.

Ao contrário do que muitos temiam, o evento aconteceu com poucas brigas que, de algum modo, também faziam parte do espetáculo maior. “A postura toda tinha um tanto de teatro. Eu, como dramaturgo, vi o festival um pouco como um grande espetáculo espontâneo”, conta Bivar. E ele completa: “Os punks não gostam muito que eu fale isso, mas eu acho que uma das grandes coisas do punk, para além da revolta contra o sistema e tal, é um grande humor. Tem uma verve humorada que me fascinou”.

Mas se os jovens não arranjaram tanta confusão, não se pode dizer o mesmo da Polícia Militar, que, sem motivo aparente, invadiu o Sesc para expulsar e prender os punks, levando embora inclusive a fita em que era gravado o evento em vídeo. O material foi resgatado por Bivar na delegacia, ainda no mesmo dia, e possibilitou, mais de 30 anos depois, a realização do documentário O Fim do Mundo, Enfim – de mesmo nome do show comemorativo realizado no Sesc Pompeia em 2012 com cinco das bandas presentes em 1982 e outras convidadas.

Documentário e filmagem do novo show, que novamente lotou a antiga fábrica da Pompeia, saem agora em DVD pelo Selo Sesc. Porque, como dizem por aí, o punk não morreu: “O punk não acabou. Ele continua contestando, continua com uma ideologia viva, do ‘faça você mesmo’, de que não precisa ter uma grande gravadora atrás nem a mídia em cima”, diz o jornalista Ricardo Cachorrão Flávio em cena do filme. “O movimento sobrevive, está indo, andando pelos esgotos, mas está vivo. Seja no Sesc Pompeia, seja num buraco qualquer na periferia, ainda existe punk.”

Texto | Marcos Grinspum Ferraz

1982 | O COMEÇO DO FIM DO MUNDO

01. Dose Brutal | Faces da Morte
02. M-19 | 19 de Abril
03. Neuróticos | Carecas
04. Inocentes | Salvem El Salvador
05. Psykóze | Papo Furado
06. Fogo Cruzado | Ratos de Esgoto
07. Juízo Final | Liberdade
08. Desertores | Não Quero
09. Cólera | C.D.M.P (Cidade dos Meus Pesadelos)
10. Negligentes | Herói
11. Extermínio | Holocausto
12. Suburbanos | Era Suburbanos
13. Passeatas | Direito de Protestar
14. Lixomania | Punk!
15. Olho Seco | Haverá Futuro?
16. Decadência Social | Decadência Social
17. Estado de Coma | Marginal
18. Ratos de Porão | Novo Vietnã
19. Hino Mortal | Desequilíbrio
20. Ulster | Heresia

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domingo, 11 de agosto de 2019

Eternal Tapestry


Eternal Tapestry baseado em Portland - Oregon começou no outono de 2005, primeiro apresentando apenas dois guitarristas como Nick Bindeman e Dewey Mahood. Eles começaram a tocar coisas improvisadas grátis juntos, com muitas referências de som ambiente e krautrock. Alguns músicos entraram e saíram desta vez até que o irmão mais novo de Nick, Jed (bateria) se mudou para Portland no verão de 2006 para se tornar um membro fixo. O trio fez algumas gravações que foram publicadas em produções limitadas de CD-R e cassetes em breve.

Em 2009, Krag Likins (baixo) e Ryan Carlile (saxofone, sintetizador) juntaram-se à banda, completando o atual quinteto. 'The Invisible Landscape' e 'Palace Of The Night Skies' foram os dois primeiros álbuns produzidos e lançados em circunstâncias profissionais. 2011 viu o próximo álbum 'Beyond The 4th Door' no Thrill Jockey, que se destaca por improvisações de guitarra melódicas e atmosféricas apresentadas com um fundamento trippy e espacial.

Todos os membros da Eternal Tapestry são muito ativos no underground experimental e colaboram com diversos outros projetos também.

2009 | THE INVISIBLE LANDSCAPE

01. Cathedral of Radiance
02. Cosmic Dream
03. Brain Drain
04. Night Realms
05. Temporal Starshine Voyager
06. Pyramid Vision



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quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Stevie Wonder | Songs In The Key Of Life


O melhor disco de soul-music de todos os tempos

Stevie Wonder queria sair da Motown. Queria, de qualquer jeito, se livrar da alcunha Little Stevie e ter liberdade para falar sobre amor, a influência da luta pelos direitos civis e testar novos arranjos em sua música.

Berry Gordy Jr., chefe da bem-sucedida gravadora, não tinha outra alternativa; a experiência do que se resultou com Marvin Gaye – uma discussão que culminou em What’s Going On (1971), até hoje o disco mais celebrado de sua carreira – lhe dava boas projeções. Então, decidiu mantê-lo e deixá-lo no controle de tudo.

Os quatro discos anteriores arrasaram quarteirões:

• Music of My Mind (1972) mostrou o poder do hit “Superwoman (Where Were You When I Needed You)”;
• Talking Book foi um dos melhores de toda sua carreira, vide “You Are the Sunshine of My Life”, “Superstition” e “I Believe”;
• Innervisions (1973) cravou de vez sua grandiosidade, com as pérolas “Too High”, “Golden Lady”, “Higher Ground”;
• E o seguinte, Fulfillingness’ First Finale (1974), faturou o Grammy devido ao sucesso de “You Haven’t Done Nothin'” e “They Won’t Go When I Go”.

Mas, se tiver que escolher apenas um disco de Stevie Wonder, o disco é Songs in the Key of Life. O nome é pomposo, e se relaciona com a necessidade de gêneros como rock e R&B em se reinventar, vide The Payback (James Brown) e There’s a Riot Goin’ On (Sly & The Family Stone). Tem também a ver com renascimento: naquele momento, Stevie Wonder captou a profusão do fusion-jazz do Weather Report e a presença cada vez mais aceita dos sintetizadores nas músicas, além da profusão de possibilidades diversas para a soul-music e o funk.

Há quem o critique pela utilização dos synths em “Pastime Paradise”, um crescendo orquestral com detalhes cortantes. De fato, a canção foi uma das ‘precursoras’ do estilo predominante no R&B romântico dos anos 1980 – uma amarra em que até mesmo ele caiu.

Estruturalmente, “Pastime Paradise” é um soul de contornos funk. A orquestração serve para demarcar a profundidade do tema – que fala sobre a alienação ao passado.

A conexão entre o que foi e o otimismo do que está por vir, na verdade, é seu grande opus. A junção da música europeia e da música africana complexifica o discurso de Stevie: ‘Eles estão gastando a maioria de suas vidas/Vivendo em um paraíso passatempo’.

“Love’s in Need of Love Today”, canção que abre o disco, também antecipou uma tendência da soul-music daí em diante: o call-and-response numa dinâmica diferente, em que o sussurro se integra como elementos musical e emocional.

Quando foi lançado, em 1976, Songs in the Key of Life era praticamente um combo: um álbum duplo, com mais um EP de acompanhamento. O termo combo também pode ser aplicado às referências do disco: o gospel trincado de “Have a Talk With God”, o free-funk instrumental de “Contusion”, a balada funkeada de “Ordinary Pain”… A coleção de músicas forma um tesouro, tanto que um crítico da BBC não receou em dizer: “A vida, literalmente, não pode ser completa sem este disco”.

É muito fácil gorjear pelo hibridismo musical de Songs in the Key of Life, mas se tem algo que ele representa, e poucos mencionam, é seu gigantismo pop. Atente para “Sir Duke”: o single abraça o funk e as guitarras do jazz, que passava por uma ressignificação estilística naqueles vindouros anos 70, vide Bitches Brew (1970), The Inner Mounting Flame (1971) e o contemporâneo Breezin’ (1976), de George Benson – por sinal, o laureado guitarrista é um dos principais artífices sonoros de Songs in the Key of Life.

“I Wish”, por si só, rendeu um Grammy a Stevie Wonder, por melhor performance. As cordas são bem arregimentadas e sintetizam uma formidável transição entre o lamento e a glória.

“O que Wonder faz em “I Wish” é situar uma maldade na bagagem, por conta de seu poder de cura, sua habilidade de fazer com que o indivíduo sinta vivo”, disse o biógrafo James Perone em The Sound of Stevie Wonder: His Words and Music.

O lado curador de Stevie Wonder ganha distintos aspectos no decorrer das canções. Em “Knocks Me Off My Feet”, é a sua ligação com o piano que lhe garante o toque de Midas.

Já “Village Ghetto Land” constitui uma ópera cronista, que dramatiza o que classificamos como status quo numa clara referência aos conflitos da luta pelos direitos civis: ‘Vidros quebrados estão por todos os lugares/É uma cena sangrenta/Os assassinatos afligem os cidadãos/A menos que dominem a polícia’.

Disco 2 de Songs in the Key of Life
Com o acúmulo de joias do disco 1, no disco 2 Stevie expandiu as arestas de como jazz, funk e eletrônica se condensariam na soul-music. “Isn’t She Lovely” põe a harmônica nesse meandro, sintetizando a alegria de quem se depara com uma pessoa tão cheia de atributos, que dá até orgulho de amar.

“If It’s Magic” parece o rascunho de uma balada lúdica, enquanto “As” se destaca como uma das melhores do disco. A canção, que chegou ao nº 36 das paradas Billboard, fala do amor enquanto uma necessidade de alcance. A insistência é transmitida pelos backing vocals. De tão voraz por este sentimento, Stevie altera a voz, quase chegando ao tom semelhante a um maníaco, um obsessivo. Herbie Hancock colabora com seu piano elétrico afastado, característica de seu lado ‘músico de estúdio’. (Em outubro de 1977, a canção foi lançada como single, com “Contusion” como lado B.)

“Saturn” é mais uma das músicas para colocar no status de grandiosa. Nela, Stevie sela parceria com o guitarrista Mike Sembello, famoso pelo grupo canadense Klaatu. Ela é praticamente um take escapista dos problemas sociais, raciais e sentimentais abordados em Songs in the Key of Life.

“Ebony Eyes” – que não tem nada a ver com o clássico de Rick James e Smokey Robinson, também da Motown – é um tributo à beleza feminina, enquanto “All Day Sucker” lembra os anos de Music of My Mind com seu estilo flashback meio space-funk. Nela, vemos o quanto Wonder se apropriou dos sintetizadores, quase transfigurando sua pureza por completo.

Por fim, o disco se encerra com “Easy Goin’ Evening (My Mama’s Call)”, tomado pelo lamento blueseiro da harmônica. Um saudosismo para uma obra que, 40 anos depois, permanece… saudosa.

Por fim, as palavras de Perone sobre a representatividade de Songs in the Key of Life:

“Contendo elementos de nostalgia, consciência social, espiritualidade e um largo alcance de estilos e texturas musicais, ‘Songs in the Key of Life’ captura a imaginação do público americano: foi muito bem-sucedido nas paradas pop e R&B, oferecendo singles de muito sucesso, como “Sir Duke” e “I Wish”. (…) Se for analisado como uma coleção de músicas individuais, ‘Songs in the Key of Life’ é um registro formidável e continua a permanecer como um dos melhores discos da era do rock”.


Sem exageros: o melhor disco de soul-music de todos os tempos.

Texto | Tiago Ferreira

1976 | SONGS IN THE KEY OF LIFE

CD 1
01. Love's In Need Of Love Today
02. Have A Talk With God
03. Village Ghetto Land
04. Contusion
05. Sir Duke
06. I Wish
07. Knocks Me Off My Feet
08. Pastime Paradise
09. Summer Soft
10. Ordinary Pain

CD 2
11. Isn't She Lovely
12. Joy Inside My Tears
13. Black Man
14. Ngiculela - Es Una Historia (I Am Singing)
15. If It's Magic
16. As
17. Another Star

EP: A Something's Extra Bonus
18. Saturn
19. Ebony Eyes
20. All Day Sucker
21. Easy Goin' Evening (My Mama's Call)

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segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Stevie Wonder | Fulfillingness' First Finale


Fulfillingness' First Finale é o álbum de Stevie Wonder, um dos álbuns de seu "período clássico" na década de 1970. Segundo a revista Billboard, foi o primeiro álbum de estúdio de Wonder para o topo do Pop Albums Chart onde permaneceu por duas semanas, enquanto ele era o seu terceiro álbum no topo da R&B/Black Albums onde passou nove semanas não-consecutivas.

Na sequência da varredura épica e consciência social de Innervisions, este conjunto projetado um tom reflexivo, decididamente sombrio. Os arranjos musicais utilizados em várias músicas ao mesmo tempo magistral poderia ser considerado escasso em comparação com os outros entre as suas obras-primas da década de 1970, especialmente evidente na sombria They Won't Go When I Go" e na discreta "Creepin'".

Embora um som bastante pessoal, Wonder não renuncia completamente seus comentários sociais sobre o mundo ao seu redor. Seu hit número 1 "You Don't Have Nothin'" lançou uma crítica afiada sobre a administração de Nixon, reforçada por um clavinete funky, caixa de ritmos e a participação especial dos Jackson 5 no coro.

O disco acabaria ganhando brevemente o Grammy por Melhor Permormance Pop Vocal Masculina, Melhor Performance Vocal R&B Masculino por "Boogie on Reggae Woman" e Álbum do Ano em 1974.

Texto | Wikipédia

1974 | FULFILLINGNESS' FIRST FINALE

01. Smile Please
02. Heaven Is 10 Zillion Light Years Away
03. Too Shy To Say
04. Boogie On Reggae Woman
05. Creepin'
06. You Haven't Done Nothin'
07. It Ain't No Use
08. They Won't Go When I Go
09. Bird Of Beauty
10. Please Don't Go

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sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Stevie Wonder | Innervisions


Atento às injustiças sociais de seu tempo, soulman gravou um de seus melhores discos

Stevie Wonder pode não enxergar, mas suas visões interiores são mais interessantes e complexas do que podemos imaginar. Ao contrário de grandes artistas que se aprofundaram nas drogas e expeliram seus demônios em canções clássicas, Stevie preferiu seguir o caminho de encontrar a tão distante paz sem soar religioso ou dogmático demais.

Depois de uma bem-sucedida carreira bancada pela Motown, Stevie estava inspirado no começo da década de 70, quando entregou alguns de seus melhores trabalhos. E Innervisions, se não for o melhor deles, não poderia ficar de fora do panteão.

O groove dos pianos de Stevie já aparecem logo na primeira faixa, “Too High”, que critica uma garota que pretende ‘chegar aos céus’ por vias alucinógenas. Uma das melhores do álbum, “Living For The City” conta a crônica de uma cidade com base em uma família que vive mal ‘pela cidade‘.

Naquele momento a canção refletia a conturbada vida dos negros norte-americanos, mas tem um paralelo interessante com nossa realidade: lembra aquelas pessoas que tentam uma vida melhor nas grandes cidades, mas se deparam com a injustiça social.

Essa destreza acaba influenciando negativamente sua prole, que sofre na pele os preconceitos de forma direta e têm que encarar esse choque cultural de alguma forma, seja pela violência ou pela aceitação. Stevie Wonder tenta dar positivismo a quem vive dessa maneira quando diz: ‘Se não mudarmos o mundo, ele vai acabar em breve‘.

De fato, seria injusto apontar quais seriam as ‘melhores canções’ do álbum. Todas têm a sua importância e são belíssimas, tratadas como pérola por um dos maiores soulman já existentes.

“Golden Lady” é uma balada divina, “Visions” serve como o editorial de todo o disco: ‘Apenas sei o que digo (…) e todas as coisas têm um fim‘. Mais profundo que as belas composições é o ritmo fluido da banda, que consegue encaixar perfeitamente cada nota de sax, cada slap de contrabaixo (vide “Higher Ground”), os solos de guitarra nos lugares perfeitos.

Obra de mestre, mas ainda há bastante controvérsia quando o assunto é nomear o melhor álbum de BIG Stevie: Talking Book (1972) e Songs In The Key Of Life (1976) entram na disputa.

Innervisions, claro, completa essa trinca imbatível do soulman.

Texto | Tiago Ferreira

1973 | INNERVISIONS

01. Too High
02. Visions
03. Living For The City
04. Golden Lady
05. Higher Ground
06. Jesus Children Of America
07. All In Love Is Fair
08. Don't You Worry 'Bout A Thing
09. He's Misstra Know-It-All

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