Quando lançou seu primeiro disco em 1974, Cartola já contava com mais de sessenta anos de idade, embora participasse ativamente das rodas de samba cariocas e fosse um dos maiores compositores de seu tempo, ainda era uma pessoa presa ao seu circulo. Kleber Cavalcante Gomes, ou como é conhecido, o Criolo (ex-Criolo Doido) não levou o mesmo tempo para alcançar seu disco de estreia – Ainda Há Tempo (2006) – embora fosse, assim como Cartola, muito mais conhecido dentro do circuito do rap nacional do que além dele. Com seu novo álbum, uma espécie de segundo disco de estréia, o paulistano vai atrás de novas sonoridades, em busca de expansão do seu próprio território.
Nó na Orelha (2011) é um trabalho que se define logo em seu título, afinal é hip-hop, mas também é samba, transita por boleros, assim como se entrega ao funk, sem falar nas diversas referências regionais que vão se evidenciando ao longo do trabalho, uma miscelânea de ritmos, em sua maioria nacionais, que permitem a Gomes passear em diversos territórios, como se desbravasse cada uma das múltiplas tonalidades da música.
Quando rapper, Criolo, que é um dos criadores da conhecida Batalha dos MC’s, se aventura na descrição tanto de cenários, quanto nas situações que o rodeiam. A cidade de São Paulo se apresenta como a grande musa do poeta, servindo de tema para boa parte das composições, algo que torna-se evidente logo nas primeiras faixas do álbum, através de músicas como Não Existe Amor em SP ou mais à frente com Grajauex. Essa última, um brilhante jogo de palavras que funcionam como uma homenagem á região do Grajaú, mais populoso distrito paulista.
Já quando resolve cantar, o músico conta com uma boa vantagem em relação a outros rappers: a voz. Ao contrário de Kanye West, quando deu vida a 808 & Heartbreak (2008), saturando o trabalho com efeitos de autotune, ou mesmo Marcelo D2, em sua homenagem à Bezerra Da Silva, soando de forma imprecisa, Gomes se apresenta como um cantor hábil e que não requer de malabarismos para deixar que fluam seus vocais.
Límpida e cantada em bom tom, a voz de Criolo ecoa de forma agradável através de faixas como Bogotá, dando ginga ao ritmo já acalentador da composição. Lembrando de leve Curumin no disco Japan Pop Show (2008), o músico brinca com os vocais em Samba Sambei, faixa preenchida por toques de reggae e dub, além do funcional naipe de metais que acompanha o disco. Criolo se permite até a arriscar seus vocais no bolero Freguês da Meia-Noite. Soando como uma espécie de Reginaldo Rossi contemporâneo, o músico destila versos metafóricos repletos de sentimentalismos exagerados, porém sinceros.
Com produção de Marcelo Cabral e Daniel Ganjaman, que também assumem boa parte dos instrumentos e bases durante o álbum, Nó na Orelha pode até confundir por sua diversificada sequência de estilos e ritmos distintos, contudo finda-se como um disco inventivo. A pluralidade de formas que atuam como os pilares do trabalho ajudam Criolo a não desabar em redundâncias, evitando que caia nos repetitivos vícios do rap nacional. Um disco que deve levar o rapper para além do seu já conceituado circulo ou mesmo para além de Terras Brasilis.
Por: Fernanda Blammer
Nó na Orelha (2011) é um trabalho que se define logo em seu título, afinal é hip-hop, mas também é samba, transita por boleros, assim como se entrega ao funk, sem falar nas diversas referências regionais que vão se evidenciando ao longo do trabalho, uma miscelânea de ritmos, em sua maioria nacionais, que permitem a Gomes passear em diversos territórios, como se desbravasse cada uma das múltiplas tonalidades da música.
Quando rapper, Criolo, que é um dos criadores da conhecida Batalha dos MC’s, se aventura na descrição tanto de cenários, quanto nas situações que o rodeiam. A cidade de São Paulo se apresenta como a grande musa do poeta, servindo de tema para boa parte das composições, algo que torna-se evidente logo nas primeiras faixas do álbum, através de músicas como Não Existe Amor em SP ou mais à frente com Grajauex. Essa última, um brilhante jogo de palavras que funcionam como uma homenagem á região do Grajaú, mais populoso distrito paulista.
Já quando resolve cantar, o músico conta com uma boa vantagem em relação a outros rappers: a voz. Ao contrário de Kanye West, quando deu vida a 808 & Heartbreak (2008), saturando o trabalho com efeitos de autotune, ou mesmo Marcelo D2, em sua homenagem à Bezerra Da Silva, soando de forma imprecisa, Gomes se apresenta como um cantor hábil e que não requer de malabarismos para deixar que fluam seus vocais.
Límpida e cantada em bom tom, a voz de Criolo ecoa de forma agradável através de faixas como Bogotá, dando ginga ao ritmo já acalentador da composição. Lembrando de leve Curumin no disco Japan Pop Show (2008), o músico brinca com os vocais em Samba Sambei, faixa preenchida por toques de reggae e dub, além do funcional naipe de metais que acompanha o disco. Criolo se permite até a arriscar seus vocais no bolero Freguês da Meia-Noite. Soando como uma espécie de Reginaldo Rossi contemporâneo, o músico destila versos metafóricos repletos de sentimentalismos exagerados, porém sinceros.
Com produção de Marcelo Cabral e Daniel Ganjaman, que também assumem boa parte dos instrumentos e bases durante o álbum, Nó na Orelha pode até confundir por sua diversificada sequência de estilos e ritmos distintos, contudo finda-se como um disco inventivo. A pluralidade de formas que atuam como os pilares do trabalho ajudam Criolo a não desabar em redundâncias, evitando que caia nos repetitivos vícios do rap nacional. Um disco que deve levar o rapper para além do seu já conceituado circulo ou mesmo para além de Terras Brasilis.
Por: Fernanda Blammer
2011 | NÓ NA ORELHA
01 | Bogotá
02 | Subirusdoistiozin
03 | Não Existe Amor Em SP
04 | Mariô
05 | Freguês da Meia Noite
06 | Grajauex
07 | Samba Sambei
08 | Sucrilhos
09 | Lion Man
10 | Linha de Frente
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01 | Bogotá
02 | Subirusdoistiozin
03 | Não Existe Amor Em SP
04 | Mariô
05 | Freguês da Meia Noite
06 | Grajauex
07 | Samba Sambei
08 | Sucrilhos
09 | Lion Man
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