MUSIC OF MY MIND: A MAIORIDADE FUNKEADA DE STEVIE WONDER
A carreira de um músico de primeira linha normalmente tem quatro períodos:
1) O início lento, mas que sofre evolução ao som de progressivo e precoce talento;
2) A maturação musical;
3) A fase de clássicos, onde após muitos anos de experiência e sonoridades, a mina de ouro (criativamente) é encontrada;
4) A estabilização sonora, uma época onde cada registro tem um pouco das três fases citadas anteriormente, um período não muito criativo, mas mesmo assim, relevante e uniforme em qualidade.
Vocês podem até discordar comigo em certas afirmações escolhidas, mas no geral é bem isso que foi listado, é claro que pode se alterar, mas sempre mantendo uma “previsibilidade”. E para ilustrar tal ponto escolhi um músico que passou por todo este processo, assim mesmo, da forma linear como lhes foi descrito. Falo do prodígio da Motown, um dos maiores músicos que já viveram, o ícone do Soul/Funk, Stevie Wonder, e seu décimo quarto disco de estúdio, “Music Of Mind“, lançado em 1972. O trabalho que estabeleceu seu feeling sublime na mente de milhões de amantes da música e inaugurou uma década brilhante na carreira de um dos maiores gênios de nosso tempo.
Esse LP veio na hora perfeita dentro da carreira de Stevie, e não digo isso apenas para enumerar fatos vazios, até porque esse trabalho foi um enorme sucesso, então seria um pleonasmo dos mais brabos, temos uma explicação para este adendo.
Em 1972 Wonder completou 21 verões dedicados ao Soul e ao Funk, e como este que vos toca é americano da gema, nós sabemos que de acordo com as métricas do primeiro mundo, um cidadão só é maior de idade quando atinge este numeral. E mesmo sem parecer nada demais, para o músico foi mais um grande passo.
Como o tecladista foi um prodígio e tocava desde muito jovem (com 12 anos já possuáa contrato com a Motown), seu Funk teve um contrato especial, já que teria suas despesas pagas pelo Label, um tutor, viajaria com sua mãe e deixaria seus royalties rendendo no banco, apenas esperando seu vigésimo primeiro aniversário para começarem a serem devidamente apreciados. Por isso que disse que “Music Of My Mind” veio num momento chave, significou a total liberdade de um dos músicos mais visionários de nosso tempo, que paradoxalmente cego, prova que não basta ouvir, o negócio é sentir, e quem já ouviu o negrão abrir a boca sabe que poucos sentem o som como este o faz.
Portanto, o ponto primordial a ser compreendido é que este registro divide a carreira do mestre em dois, estilo A.C e D.C. Sua cozinha era uma até este LP, e foi outra depois, absolutamente seminal e tão fermentada, criativamente falando, que sete meses depois já rendeu mais um clássico, “Talking Book”, o disco que fora idealizado para esta resenha inicialmente, mas que caiu por terra quando coloquei esse aqui para fazer a base de minhas ideias… Fui traído, muito bem traído diga-se de passagem.
Aqui temos um músico absolutamente confiante, adentrando e acrescentando texturas com sintetizadores, tocando a maior parte dos instrumentos e liricamente falando, gravando um de seus melhores vocais, acompanhando com a já usual perícia no marfim malhado.
E aquele groove responsa com clima de improvisação descompromissada, com músicos absolutamente livres em estúdio, possibilita uma química que além de acima da média chega até a alongar a Jam. Sete minutos com a abertura “Love Having You Around“, oito com “Superwoman“, e depois que embala é hit atrás de hit. “I Love Every Little Thing About You“, “Sweet Little Girl“, “Happier Than The Morning Sun“… É tanto embalo que o ouvinte termina esse e já começa o “Talking Book” na emenda. Aprecie o teclado tunado do mestre e sinta a independência de tudo que forma este clássico.
Texto | Guilherme Espir
1) O início lento, mas que sofre evolução ao som de progressivo e precoce talento;
2) A maturação musical;
3) A fase de clássicos, onde após muitos anos de experiência e sonoridades, a mina de ouro (criativamente) é encontrada;
4) A estabilização sonora, uma época onde cada registro tem um pouco das três fases citadas anteriormente, um período não muito criativo, mas mesmo assim, relevante e uniforme em qualidade.
Vocês podem até discordar comigo em certas afirmações escolhidas, mas no geral é bem isso que foi listado, é claro que pode se alterar, mas sempre mantendo uma “previsibilidade”. E para ilustrar tal ponto escolhi um músico que passou por todo este processo, assim mesmo, da forma linear como lhes foi descrito. Falo do prodígio da Motown, um dos maiores músicos que já viveram, o ícone do Soul/Funk, Stevie Wonder, e seu décimo quarto disco de estúdio, “Music Of Mind“, lançado em 1972. O trabalho que estabeleceu seu feeling sublime na mente de milhões de amantes da música e inaugurou uma década brilhante na carreira de um dos maiores gênios de nosso tempo.
Esse LP veio na hora perfeita dentro da carreira de Stevie, e não digo isso apenas para enumerar fatos vazios, até porque esse trabalho foi um enorme sucesso, então seria um pleonasmo dos mais brabos, temos uma explicação para este adendo.
Em 1972 Wonder completou 21 verões dedicados ao Soul e ao Funk, e como este que vos toca é americano da gema, nós sabemos que de acordo com as métricas do primeiro mundo, um cidadão só é maior de idade quando atinge este numeral. E mesmo sem parecer nada demais, para o músico foi mais um grande passo.
Como o tecladista foi um prodígio e tocava desde muito jovem (com 12 anos já possuáa contrato com a Motown), seu Funk teve um contrato especial, já que teria suas despesas pagas pelo Label, um tutor, viajaria com sua mãe e deixaria seus royalties rendendo no banco, apenas esperando seu vigésimo primeiro aniversário para começarem a serem devidamente apreciados. Por isso que disse que “Music Of My Mind” veio num momento chave, significou a total liberdade de um dos músicos mais visionários de nosso tempo, que paradoxalmente cego, prova que não basta ouvir, o negócio é sentir, e quem já ouviu o negrão abrir a boca sabe que poucos sentem o som como este o faz.
Portanto, o ponto primordial a ser compreendido é que este registro divide a carreira do mestre em dois, estilo A.C e D.C. Sua cozinha era uma até este LP, e foi outra depois, absolutamente seminal e tão fermentada, criativamente falando, que sete meses depois já rendeu mais um clássico, “Talking Book”, o disco que fora idealizado para esta resenha inicialmente, mas que caiu por terra quando coloquei esse aqui para fazer a base de minhas ideias… Fui traído, muito bem traído diga-se de passagem.
Aqui temos um músico absolutamente confiante, adentrando e acrescentando texturas com sintetizadores, tocando a maior parte dos instrumentos e liricamente falando, gravando um de seus melhores vocais, acompanhando com a já usual perícia no marfim malhado.
E aquele groove responsa com clima de improvisação descompromissada, com músicos absolutamente livres em estúdio, possibilita uma química que além de acima da média chega até a alongar a Jam. Sete minutos com a abertura “Love Having You Around“, oito com “Superwoman“, e depois que embala é hit atrás de hit. “I Love Every Little Thing About You“, “Sweet Little Girl“, “Happier Than The Morning Sun“… É tanto embalo que o ouvinte termina esse e já começa o “Talking Book” na emenda. Aprecie o teclado tunado do mestre e sinta a independência de tudo que forma este clássico.
Texto | Guilherme Espir
1972 | MUSIC OF MY MIND
01. Love Having You Around
02. Superwoman
03. I Love Every Little Thing About You
04. Sweet Little Girl
05. Happier Than The Morning Sun
06. Girl Blue
07. Seems So Long
08. Keep On Running
09. Evil
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01. Love Having You Around
02. Superwoman
03. I Love Every Little Thing About You
04. Sweet Little Girl
05. Happier Than The Morning Sun
06. Girl Blue
07. Seems So Long
08. Keep On Running
09. Evil
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Um comentário:
Belíssima resenha para um disco estupendo, valeu, Espir maifren. Obrigado ao blog por disponibilizar essas preciosidades, a rataria agradece comovida !Abraços !
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