TERENCE TRENT D’ARBY E O VERÃO DA LATA FALSA DO RECIFE
Por volta de 20 de setembro de 1987, o navio panamenho Solana Star, que trazia um carregamento de 22 toneladas de maconha, teve sua carga, ou parte dela, despejada no mar na costa fluminense. A tripulação desconfiou que tava sendo vigiada pela polícia. No dia 27, deram na praia as primeiras latas contendo, em média, quilo e meio da erva maldita.
O verão do Rio naquele ano passou à história da curtição nacional como o “Da Lata”. Devido à boa qualidade do produto, “Da lata” entrou para a gíria carioca, como sinônimo de coisa legal, maneira. Foi cantada por Fernanda Abreu, virou documentário, livro, marchinha de carnaval do bloco Suvaco do Cristo (de que Lenine era compositor), o escambau.
A lata é hoje mais lembrada do que o cantor de soul americano Terence Trent d’Arby que, em 1987, emplacou um megasucesso internacional, daquele que tocam o tempo inteiro no rádio, Wishing well, o título. Com esta música, ele entrou para o time dos “one hit wonder”, ou “cantor de um sucesso só”. Wishing well ainda é tocada em FMs cuja programação alimenta a nostalgia de coroas.
No Recife, poucos ainda lembram, mas Terence Trent D’Arby foi involuntariamente responsável pelo verão “fake” da lata recifense.O LP e cassete Introducing the Hardline according to Terence Trent D’Arby foi lançado pela CBS (atual Sony Music), mais ou menos na mesma época em que a carga do Solana Star foi despejada no Oceano Atlântico, para gáudio de banhistas cariocas. Com Wishing well começando a estourar no Brasil, o pessoal de marketing da gravadora quis pegar uma onda na onda alheia.
Alguns dias depois que as disputadas latas apareceram nas costas do Rio, latas semelhantes surgiram na praia de Boa Viagem, ali pelo Acaiaca e adjacências. A notícia espalhou-se e foi o maior buruçu. Naquela época, vale lembrar , os tubarões baixavam em outra sessão, portanto não havia perigo em se aventurar nas águas de Boa Viagem. Porém, pelo conteúdo que se supunha haver nas latas, mesmo com tubarão, o pessoal teria se arriscado.
Imaginem o rolo. Caiu todo mundo no mar, numa espécie de caça ao tesouro. Muitos voltaram, com um sorriso radiante, abraçado à sua lata (uma senhora lata por sinal). A confusão atraiu polícia. Donos de lata foram pegos pelos homi. Mas não deu processo, só gargalhadas e frustrações.
Não havia nenhum gênio da fumaça dentro da lata, e sim um inocente cassete do disco Introducing the hardline according to Terence Trent D’Arby, e um release (um texto sobre o cantor). Os responsáveis pelo Verão da frustração do Recife foram os então divulgadores da CBS, Fernando (deu um branco no sobrenome) e Marquinhos Rosati. A dupla adentrou o mar verde e bravio num barco a motor, alugado a um cara que ficou meio cismado com a carga que eles levavam, e que foi despejada à altura do point mais badalado de Boa Viagem.Terence Trent D’Arby, um bom cantor, nunca mais fez sucesso. Nem por este nome atende mais. Virou budista e chama-se agora Sananda Maitreya, continua a gravar discos, que poucos escutam. Faz agora parte de um passado remoto, feito o verão da lata falsa e frustrante em Boa Viagem, no idos de 1987.
Coda: Fui um dos possuidores de um exemplar desta lata inglória. Ainda tenho o cassete, a lata enferrujou e foi avoada fora.
Texto | José Teles
O verão do Rio naquele ano passou à história da curtição nacional como o “Da Lata”. Devido à boa qualidade do produto, “Da lata” entrou para a gíria carioca, como sinônimo de coisa legal, maneira. Foi cantada por Fernanda Abreu, virou documentário, livro, marchinha de carnaval do bloco Suvaco do Cristo (de que Lenine era compositor), o escambau.
A lata é hoje mais lembrada do que o cantor de soul americano Terence Trent d’Arby que, em 1987, emplacou um megasucesso internacional, daquele que tocam o tempo inteiro no rádio, Wishing well, o título. Com esta música, ele entrou para o time dos “one hit wonder”, ou “cantor de um sucesso só”. Wishing well ainda é tocada em FMs cuja programação alimenta a nostalgia de coroas.
No Recife, poucos ainda lembram, mas Terence Trent D’Arby foi involuntariamente responsável pelo verão “fake” da lata recifense.O LP e cassete Introducing the Hardline according to Terence Trent D’Arby foi lançado pela CBS (atual Sony Music), mais ou menos na mesma época em que a carga do Solana Star foi despejada no Oceano Atlântico, para gáudio de banhistas cariocas. Com Wishing well começando a estourar no Brasil, o pessoal de marketing da gravadora quis pegar uma onda na onda alheia.
Alguns dias depois que as disputadas latas apareceram nas costas do Rio, latas semelhantes surgiram na praia de Boa Viagem, ali pelo Acaiaca e adjacências. A notícia espalhou-se e foi o maior buruçu. Naquela época, vale lembrar , os tubarões baixavam em outra sessão, portanto não havia perigo em se aventurar nas águas de Boa Viagem. Porém, pelo conteúdo que se supunha haver nas latas, mesmo com tubarão, o pessoal teria se arriscado.
Imaginem o rolo. Caiu todo mundo no mar, numa espécie de caça ao tesouro. Muitos voltaram, com um sorriso radiante, abraçado à sua lata (uma senhora lata por sinal). A confusão atraiu polícia. Donos de lata foram pegos pelos homi. Mas não deu processo, só gargalhadas e frustrações.
Não havia nenhum gênio da fumaça dentro da lata, e sim um inocente cassete do disco Introducing the hardline according to Terence Trent D’Arby, e um release (um texto sobre o cantor). Os responsáveis pelo Verão da frustração do Recife foram os então divulgadores da CBS, Fernando (deu um branco no sobrenome) e Marquinhos Rosati. A dupla adentrou o mar verde e bravio num barco a motor, alugado a um cara que ficou meio cismado com a carga que eles levavam, e que foi despejada à altura do point mais badalado de Boa Viagem.Terence Trent D’Arby, um bom cantor, nunca mais fez sucesso. Nem por este nome atende mais. Virou budista e chama-se agora Sananda Maitreya, continua a gravar discos, que poucos escutam. Faz agora parte de um passado remoto, feito o verão da lata falsa e frustrante em Boa Viagem, no idos de 1987.
Coda: Fui um dos possuidores de um exemplar desta lata inglória. Ainda tenho o cassete, a lata enferrujou e foi avoada fora.
Texto | José Teles
1987 | INTRODUCING THE HARDLINE ACCORDING TO
01. If You All Get To Heaven
02. If You Let Me Stay
03. Wishing Well
04. I’ll Never Turn My Back On You (Father’s Words)
05. Dance Little Sister
06. Seven More Days
07. Let’s Go Forward
08. Rain
09. Sign Your Name
10. As Yet Untitled
11. Who’s Lovin’ You
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01. If You All Get To Heaven
02. If You Let Me Stay
03. Wishing Well
04. I’ll Never Turn My Back On You (Father’s Words)
05. Dance Little Sister
06. Seven More Days
07. Let’s Go Forward
08. Rain
09. Sign Your Name
10. As Yet Untitled
11. Who’s Lovin’ You
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