Joy Division e New Order: da morte à vida; do rock gótico ao acid house
Mãe, eu tentei, por favor acredite
Eu estou fazendo tudo o que posso
Eu tenho vergonha das coisas pelas quais passei
Eu tenho vergonha da pessoa que eu sou”
Tradução livre (“Mother I tried please believe me/ I’m doing the best I can/ I’m ashamed of the things I’ve been put through/ I’m ashamed of the person I am”) da canção “Isolation” (1979), da banda Joy Division
Eu estou fazendo tudo o que posso
Eu tenho vergonha das coisas pelas quais passei
Eu tenho vergonha da pessoa que eu sou”
Tradução livre (“Mother I tried please believe me/ I’m doing the best I can/ I’m ashamed of the things I’ve been put through/ I’m ashamed of the person I am”) da canção “Isolation” (1979), da banda Joy Division
Escreve Helena Uehara, autora de Joy Divison / New Order – Nada é mera coincidência: “18 de maio de 1980. Após assistir ao filme Stroszek, do alemão Werner Herzog, o seu diretor de cinema preferido, matou-se ao som de The Idiot [álbum de 1977], de Iggy Pop. Deixava um bilhete que dizia: ‘Nesse exato momento, eu queria estar morto. Eu simplesmente já não aguento mais’. (...) Um único e definitivo gesto, mudando o destino e a história de uma banda para sempre. Seu nome: Ian Curtis – vocalista e letrista do Joy Division”.
A morte de Ian Curtis pegou todos de surpresa. Seus companheiros de banda, Bernard Sumner (guitarra), Peter Hook (baixo) e Stephen Morris (bateria) sabiam dos problemas pessoais do cantor – uma crise no casamento, causada pelo envolvimento de Ian com uma fã; a dependência das drogas e do álcool; a dificuldade de lidar com o sucesso meteórico do Joy Division, e a epilepsia, que o fazia se sentir infeliz e inferior aos demais –, mas nunca pensaram que ele poderia chegar ao extremo do suicídio. Ian Curtis contava 23 anos quando foi encontrado pela esposa, Deborah, enfocardo na cozinha de sua casa, um dia antes de partir para uma turnê nos EUA, que garantiria o sucesso da banda na América.
Tudo começou em 1977, quando Bernard Sumner, Peter Hook e Terry Mason, que viviam na proletária Manchester, saíram de um show da famosa banda de punk rock Sex Pistols decididos a fazer música. Posteriormente, Mason se tornaria empresário e road manager do conjunto, que precisou de um novo baterista, Stephen Morris. As letras e vocais couberam a Ian Kevin Curtis. Hook se recorda da formação do grupo, no final da década de 70, durante a efervescência do movimento punk inglês: “Eu e Barney [Bernard Sumner] estudamos juntos desde os 11 anos de idade. Conseguimos Stevie [Stephen Morris] através de um anúncio e costumávamos encontrar Ian nos shows, era um rosto constante nos shows, frequentávamos os mesmos lugares”.
Foi assim que surgiu o Warsaw – nome inspirado na música “Warszawa” , lançada por David Bowie naquele mesmo ano no disco Low. No ano seguinte, era lançado o primeiro álbum de uma banda de Londres chamada Warsaw Pakt, o que obrigou o conjunto a mudar a mudar de nome para evitar confusões. Nascia assim, o Joy Division, A Divisão da Alegria, nome retirado do livro The house of dolls, de Karol Cetinsky que narra uma história passada durante a II Guerra Mundial. A Divisão da Alegria era uma ala de um campo de concentração em que as prisioneiras judias eram obrigadas a se prostituírem como escravas sexuais dos oficiais nazistas.
O nome foi sugerido por Ian Curtis, que tinha uma quase obsessiva admiração pela cultura alemã, em especial símbolos do regime nazista, o Novo Cinema Alemão, de cineastas como Herzog e a música de vanguarda que estava sendo produzida naquele país, no final da década de 70. Peter Hook observa que, apesar de o Warsaw ter uma orientação punk, inspirado no som de David Bowie, Velvet Underground e Iggy Pop, naquela época, Curtis começou a se interessar pela nascente música eletrônica do Kraftwerk. O grupo germânico, considerado fundador do tecnopop, foi inspiração para que nos dois únicos álbuns lançados pelo Joy Division, Unknown Pleasures (1979) e Closer (1980) fossem incluídos a bateria eletrônica e o sintetizador, que permitiram efeitos sonoros que sugeriam atmosferas angustiantes e claustrofóbicas, além de gritos abafados e ecos guturais.
Se Ian se interessou pelas obras do Kraftwerk, principalmente o álbum Autobahn (1974), que simulava uma viagem de carro pelas vias expressas alemãs, e passou a influenciar os demais membros do Joy Division, os recursos eletrônicos depois iriam dominar a sonoridade do New Order, banda formada pelos integrantes remanescentes, após o suicídio de Curtis.
O fascínio por temas nazistas, sons que sugeriam atmosferas ao mesmo tempo oníricas e industriais – a título de curiosidade, o nome Kraftwerk, banda do Vale do Ruhr, zona fabril alemã, pode ser traduzido como Usina da Força ou Complexo Elétrico – e a admiração por Iggy Pop, um ícone do punk, que abria cortes nos braços e rolava em cacos de vidro durante apresentações com a sua banda, The Stooges, demonstrava que o vocalista do Joy Division tinha interesse por temas sadomasoquistas, em que as fronteiras entre dor e prazer eram tênues. Mais tarde, sua esposa, na biografia do cantor, Touching from a distance (ainda sem tradução no Brasil) escreve relatos de autoflagelação: “As drogas que tomavam obliteravam-lhe os sentidos. (...) Ian costumava frequentemente infligir dor em si mesmo para ver o quanto aguentava naquele estado anestésico. Utilizava cigarros para queimar a pele e batia nas pernas com sapatos de corrida”.
CD 1 | Closer
01. Atrocity Exhibition
02. Isolation
03. Passover
04. Colony
05. A Means To An End
06. Heart And Soul
07. Twenty Four Hours
08. The Eternal
09. Decades
CD 2 | University Of London Union Live 8 February 1980
01. Dead Souls
02. Glass
03. A Means To An End
04. Twenty Four Hours
05. Passover
06. Insight
07. Colony
08. These Days
09. Love Will Tear Us Apart
10. Isolation
11. The Eternal
12. Digital
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1981 | STILL
(Remastered 2007)
CD 1 | Still
01. Exercise One
02. Ice Age
03. The Sound Of Music
04. Glass
05. The Only Mistake
06. Walked In Line
07. The Kill
08. Something Must Break
09. Dead Souls
10. Sister Ray
11. Ceremony
12. Shadowplay
13. A Means To An End
14. Passover
15. New Dawn Fades
16. Transmission
17. Disorder
19. Decades
20. Digital
CD 2 | Live at High Wycombe Town Hall
01. The Sound Of Music
02. A Means To An End
03. Colony
04. Twenty Four Hours
05. Isolation
06. Love Will Tear Us Apart
07. Disorder
08. Atrocity Exhibition
09. Isolation (Sound Check)
10. The Eternal (Sound Check)
11. Ice Age (Sound Check)
12. Disorder (Sound Check)
13. The Sound Of Music (Sound Check)
14. A Means To An End (Sound Check)
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1988 | SUBSTANCE
01. Warsaw
02. Leaders Of Men
03. Digital
04. Autosuggestion
05. Transmission
06. She's Lost Control
07. Incubation
08. Dead Souls
09. Atmosphere
10. Love Will Tear Us Apart
11. No Love Lost
12. Failures
13. Glass
14. From Safety To Where
15. Novelty
16. Komakino
17. These Days
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1990 | PEEL SESSIONS
01. Exercise One
02. Insight
03. She's Lost Control
04. Transmission
05. Love Will Tear Us Apart
06. 24 Hours
07. Colony
08. Sound Of Music
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1995 | PERMANENT
01. Love Will Tear Us Apart
02. Transmission
03. She's Lost Control
04. Shadow Play
05. Day Of The Lords
06. Isolation
07. Passover
08. Heart & Soul
09. Twenty Four Hours
10. These Days
11. Novelty
12. Dead Souls
13. The Only Mistake
14. Something Must Break
15. Atmosphere
16. Love Will Tear Us Apart (Permanent Mix)
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1997 | HEART AND SOUL
CD 1
01. Digital
02. Glass
03. Disorder
04. Day Of The Lords
05. Candidate
06. Insight
07. New Dawn Fades
08. She's Lost Control
09. Shadowplay
10. Wilderness
11. Interzone
12. I Remember Nothing
13. Ice Age
14. Exercise One
15. Transmission
16. Novelty
17. The Kill
18. The Only Mistake
19. Something Must Break
20. Autosuggestion
21. From Safety To Where
CD 2
01. She's Lost Control (12'')
02. Sound Of Music
03. Atmosphere
04. Dead Souls
05. Komakino
06. Incubation
07. Atrocity Exhibition
08. Isolation
09. Passover
10. Colony
11. Means To An End
12. Heart And Soul
13. Twenty Four Hours
14. The Eternal
15. Decades
16. Love Will Tear Us Apart
17. These Days
CD 3
01. Warsaw
02. No Love Lost
03. Leaders Of Men
04. Failures
05. The Drawback
06. Interzone
07. Shadowplay
08. Excercise One
09. Insight
10. Glass
11. Transmission
12. Dead Souls
13. Something Must Break
14. Ice Age
15. Walked In Line
16. These Days
17. Candidate
18. The Only Mistake
19. Chance (Atmosphere)
20. Love Will Tear Us Apart
21. Colony
22. As You Said
23. Ceremony
24. In A Lonely Place (Detail)
CD 4
(Live At The Factory)
01. Dead Souls
02. The Only Mistake
03. Insight
04. Candidate
05. Wilderness
06. She's Lost Control
07. Disorder
08. Interzone
09. Atrocity Exhibition
10. Novelty
(Live At Prince Of Wales Conference Centre, London)
11. Autosuggestion
(Live At Winter Gardens, Bournemouth)
12. I Remember Nothing
13. Colony
14. These Days
(Live At Lyceum Ballroom, London)
15. Incubation
16. The Eternal
17. Heart And Soul
18. Isolation
19. She's Lost Control
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1999 | PRESTON
(Live | 28 February 1980)
A morte de Ian Curtis pegou todos de surpresa. Seus companheiros de banda, Bernard Sumner (guitarra), Peter Hook (baixo) e Stephen Morris (bateria) sabiam dos problemas pessoais do cantor – uma crise no casamento, causada pelo envolvimento de Ian com uma fã; a dependência das drogas e do álcool; a dificuldade de lidar com o sucesso meteórico do Joy Division, e a epilepsia, que o fazia se sentir infeliz e inferior aos demais –, mas nunca pensaram que ele poderia chegar ao extremo do suicídio. Ian Curtis contava 23 anos quando foi encontrado pela esposa, Deborah, enfocardo na cozinha de sua casa, um dia antes de partir para uma turnê nos EUA, que garantiria o sucesso da banda na América.
Tudo começou em 1977, quando Bernard Sumner, Peter Hook e Terry Mason, que viviam na proletária Manchester, saíram de um show da famosa banda de punk rock Sex Pistols decididos a fazer música. Posteriormente, Mason se tornaria empresário e road manager do conjunto, que precisou de um novo baterista, Stephen Morris. As letras e vocais couberam a Ian Kevin Curtis. Hook se recorda da formação do grupo, no final da década de 70, durante a efervescência do movimento punk inglês: “Eu e Barney [Bernard Sumner] estudamos juntos desde os 11 anos de idade. Conseguimos Stevie [Stephen Morris] através de um anúncio e costumávamos encontrar Ian nos shows, era um rosto constante nos shows, frequentávamos os mesmos lugares”.
Foi assim que surgiu o Warsaw – nome inspirado na música “Warszawa” , lançada por David Bowie naquele mesmo ano no disco Low. No ano seguinte, era lançado o primeiro álbum de uma banda de Londres chamada Warsaw Pakt, o que obrigou o conjunto a mudar a mudar de nome para evitar confusões. Nascia assim, o Joy Division, A Divisão da Alegria, nome retirado do livro The house of dolls, de Karol Cetinsky que narra uma história passada durante a II Guerra Mundial. A Divisão da Alegria era uma ala de um campo de concentração em que as prisioneiras judias eram obrigadas a se prostituírem como escravas sexuais dos oficiais nazistas.
O nome foi sugerido por Ian Curtis, que tinha uma quase obsessiva admiração pela cultura alemã, em especial símbolos do regime nazista, o Novo Cinema Alemão, de cineastas como Herzog e a música de vanguarda que estava sendo produzida naquele país, no final da década de 70. Peter Hook observa que, apesar de o Warsaw ter uma orientação punk, inspirado no som de David Bowie, Velvet Underground e Iggy Pop, naquela época, Curtis começou a se interessar pela nascente música eletrônica do Kraftwerk. O grupo germânico, considerado fundador do tecnopop, foi inspiração para que nos dois únicos álbuns lançados pelo Joy Division, Unknown Pleasures (1979) e Closer (1980) fossem incluídos a bateria eletrônica e o sintetizador, que permitiram efeitos sonoros que sugeriam atmosferas angustiantes e claustrofóbicas, além de gritos abafados e ecos guturais.
Se Ian se interessou pelas obras do Kraftwerk, principalmente o álbum Autobahn (1974), que simulava uma viagem de carro pelas vias expressas alemãs, e passou a influenciar os demais membros do Joy Division, os recursos eletrônicos depois iriam dominar a sonoridade do New Order, banda formada pelos integrantes remanescentes, após o suicídio de Curtis.
O fascínio por temas nazistas, sons que sugeriam atmosferas ao mesmo tempo oníricas e industriais – a título de curiosidade, o nome Kraftwerk, banda do Vale do Ruhr, zona fabril alemã, pode ser traduzido como Usina da Força ou Complexo Elétrico – e a admiração por Iggy Pop, um ícone do punk, que abria cortes nos braços e rolava em cacos de vidro durante apresentações com a sua banda, The Stooges, demonstrava que o vocalista do Joy Division tinha interesse por temas sadomasoquistas, em que as fronteiras entre dor e prazer eram tênues. Mais tarde, sua esposa, na biografia do cantor, Touching from a distance (ainda sem tradução no Brasil) escreve relatos de autoflagelação: “As drogas que tomavam obliteravam-lhe os sentidos. (...) Ian costumava frequentemente infligir dor em si mesmo para ver o quanto aguentava naquele estado anestésico. Utilizava cigarros para queimar a pele e batia nas pernas com sapatos de corrida”.
Essa combinação de elementos, somados à fantasmagórica voz de Curtis, as guitarras de Sumner, que parecem chorar, e a bateria de Morris, que invoca marchas militares, acabaram por criar uma das maiores expressões do chamado rock gótico (que junto da new wave, formaram o chamado post punk) e de toda a música. Ouvir o Joy Division é penetrar num mundo criado por Ian Curtis, e suas atmosferas enevoadas e sinistras. Suas letras revelam uma personalidade que procurava, através da dor, das drogas e da música, se auto-punir pela epilepsia, pela frieza com a esposa e a filha Natalie, recém-nascida; ao mesmo tempo, em canções como “Twenty four hours” de Closer, o letrista parece ter noção de seu estado psíquico e emocional: “Agora que eu percebi que tudo deu errado/ Preciso de terapia, e esse tratamento será longo demais./ (...)/ Preciso achar meu destino, antes que seja tarde demais”. (Tradução livre para “Now that I’ve realised how it’s all gone wrong,/ Gotta find some therapy, this treatment takes too long./ (...)/ Gotta find my destiny, before it gets too late”.) Ao que parece, contudo, o destino de Curtis era adentrar a eternidade, como protagonista de uma das mais trágicas histórias do rock.
Após o lançamento de Unknown Pleasures, pela Factory Records, de Manchester, o conjunto ganhou projeção nacional, tocando em importantes programas de rádio da BBC, principal emissora inglesa. O disco, produzido por Martin Hannett, foi um sucesso entre a crítica e no fim de 1981, alcançou a cifra de cem mil cópias vendidas. A arte da capa, de Peter Saville – que passou a ser colaborador fixo do Joy Division, e posteriormente, do New Order – foi uma dos precursores do minimalismo, corrente estética derivada da PopArt. Sobre um fundo negro, um relevo representa as ondas emitidas pela primeira pulsar – estágio em que uma estrela, mesmo morta, ainda produz uma frequência – descoberta por astrônomos. A sugestão foi de Bernard Sumner, que havia visto a imagem em uma enciclopédia de Astronomia.
O crítico francês Michka Assayas, porém, faz uma leitura positiva da atmosfera deprimente do primeiro álbum do Joy Division. Em resenha publicado em 1981, o jornalista escreveu: “Unknown Pleasures nos faz acreditar que ainda há alguma esperança, que é possível encontrar pessoas que não suportam a preguiça e indiferença alheia e que desenvolvem uma força interior quando confrontados com as desgraças da vida”. Assayas, assim, defendia que ao ser assumidamente triste e mórbida, a banda de Ian Curtis protestava contra a música do final da década 70, chamada pelo crítico como “valium musical” por ignorar completamente os anseios de uma juventude insatisfeita com os rumos políticos da Inglaterra de Thatcher. O texto também destaca o talento de Curtis ao iniciar o álbum com o verso “Eu estou esperando por guia que venha e me tome pela mão” (“I’ve been waiting for a guide to come and take me by the hand”) – da canção “Disorder” – , como símbolo de toda uma geração que se sentia perdida e sem rumo, esperando que um líder lhes indicasse um novo caminho a seguir.
(Remastered 2007)
CD 1 | Unknown Pleasures
01. Disorder
02. Day Of The Lords
03. Candidate
04. Insight
05. New Dawn Fades
06. She's Lost Control
07. Shadowplay
08. Wilderness
09. Interzone
10. I Remember Nothing
CD 2 | The Factory, Manchester Live 13 July 1979
01. Dead Souls
02. The Only Mistake
03. Insight
04. Candidate
05. Wilderness
06. She's Lost Control
07. Shadowplay
08. Disorder
09. Interzone
10. Atrocity Exhibition
11. Novelty
12. Transmission
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1980 | CLOSER
(Remastered 2007)Após o lançamento de Unknown Pleasures, pela Factory Records, de Manchester, o conjunto ganhou projeção nacional, tocando em importantes programas de rádio da BBC, principal emissora inglesa. O disco, produzido por Martin Hannett, foi um sucesso entre a crítica e no fim de 1981, alcançou a cifra de cem mil cópias vendidas. A arte da capa, de Peter Saville – que passou a ser colaborador fixo do Joy Division, e posteriormente, do New Order – foi uma dos precursores do minimalismo, corrente estética derivada da PopArt. Sobre um fundo negro, um relevo representa as ondas emitidas pela primeira pulsar – estágio em que uma estrela, mesmo morta, ainda produz uma frequência – descoberta por astrônomos. A sugestão foi de Bernard Sumner, que havia visto a imagem em uma enciclopédia de Astronomia.
O crítico francês Michka Assayas, porém, faz uma leitura positiva da atmosfera deprimente do primeiro álbum do Joy Division. Em resenha publicado em 1981, o jornalista escreveu: “Unknown Pleasures nos faz acreditar que ainda há alguma esperança, que é possível encontrar pessoas que não suportam a preguiça e indiferença alheia e que desenvolvem uma força interior quando confrontados com as desgraças da vida”. Assayas, assim, defendia que ao ser assumidamente triste e mórbida, a banda de Ian Curtis protestava contra a música do final da década 70, chamada pelo crítico como “valium musical” por ignorar completamente os anseios de uma juventude insatisfeita com os rumos políticos da Inglaterra de Thatcher. O texto também destaca o talento de Curtis ao iniciar o álbum com o verso “Eu estou esperando por guia que venha e me tome pela mão” (“I’ve been waiting for a guide to come and take me by the hand”) – da canção “Disorder” – , como símbolo de toda uma geração que se sentia perdida e sem rumo, esperando que um líder lhes indicasse um novo caminho a seguir.
Porém é com o álbum seguinte, Closer, ainda mais soturno e triste é que o Joy Dvision será para sempre lembrado como uma das mais importantes bandas do rock gótico. O segundo e último álbum da banda foi um estrondoso sucesso, chegando a ser o sexto mais vendido no Reino Unido, em 1981, e até hoje é citado em diversas listas como um dos melhores de toda a história da música. Sua sonoridade apresenta evoluções em relação ao seu antecessor e a principal diferença entre esse disco e Unknown Pleasures é a sofisticação que o produtor Martin Hannett empregou em cada instrumento isoladamente, um explícito desvio da fórmula punk. O resultado final é ainda mais claustrofóbico, mais austero, sombrio e deprimente. A utilização de sintetizadores e teclados na estrutura das músicas, sobretudo em “Isolation”, “Twenty Four Hours” e “Decades” também dá indícios de que o som do Joy Division, independentemente da permanência de Curtis, tornaria-se, mais tarde, similar ao que foi produzido pelo New Order.
O crítico Bruno McDonald observa que “ainda que o álbum de estreia, Unknown Pleasures, olhasse fundo para o abismo, era apenas música”. Em Closer, as letras de Curtis também tornam-se mais intensas, duras e amargas e são várias as referências a temas mórbidos, e mais especificamente, ao suicídio, sendo possível assim, notar que não há mais uma diferença entre o eu-lírico e os dramas pessoais do vocalista. A primeira referência à morte está na capa do álbum - uma foto do mausoléu da família Appiani, do Cemitério Monumental de Staglieno, em Gênova, na Itália –, concebida pelos artistas gráficos Peter Saville e Martyn Atkins, antes mesmo de ouvirem qualquer uma das faixas do novo disco do Joy Division, mas que, curiosamente, o imaginaram como a trilha sonora de um funeral.
Aliados ao suicídio de Ian Curtis, fato adiou em dois meses o lançamento de Closer, esses elementos acentuaram a atmosfera soturna e mística que envolveu o álbum, que ainda segundo McDonald, pode ser ouvido como “um amargo bilhete suicida”. Em 1994, o dono da Factory Records, Tony Wilson comentou sobre o disco: “É como se compô-lo tivesse piorado seu estado: deixou-se estragar por ele, em vez de apenas expressá-lo”.
Porém, antes de se matar, Curtis ainda teve tempo de gravar a canção que, provavelmente, é a mais popular do Joy Division. “Love will tear us apart”, além de representar a maturidade sonora da banda, é um bom exemplo da lírica dolorida do vocalista, que embora densa, ainda rendia refrões característicos da música comercial executadas em rádios FM. É nessa faixa que fica clara a maneira do letrista enxergar o mundo, e principalmente as relações interpessoais. “Quando se está apaixonado a tendência natural é querer estar junto à pessoa amada. No entanto, o amor é aquilo que os separa. (...) Para Ian Curtis, todo sentimento é dor, sobretudo o amor. (...)Ian precisa se ferir até sangrar para sentir que existe qualquer tipo de sentimento”, explica a autora Helena Uehara.
Assim é possível afirmar que a discografia do Joy Division, sobretudo pela lírica de seu vocalista, Ian Curtis, é um paradigma na principal dicotomia da música dos anos 80: a tênue fronteira entre o amor e a morte.
Texto e fotos retirados de: Jorwiki USP
O crítico Bruno McDonald observa que “ainda que o álbum de estreia, Unknown Pleasures, olhasse fundo para o abismo, era apenas música”. Em Closer, as letras de Curtis também tornam-se mais intensas, duras e amargas e são várias as referências a temas mórbidos, e mais especificamente, ao suicídio, sendo possível assim, notar que não há mais uma diferença entre o eu-lírico e os dramas pessoais do vocalista. A primeira referência à morte está na capa do álbum - uma foto do mausoléu da família Appiani, do Cemitério Monumental de Staglieno, em Gênova, na Itália –, concebida pelos artistas gráficos Peter Saville e Martyn Atkins, antes mesmo de ouvirem qualquer uma das faixas do novo disco do Joy Division, mas que, curiosamente, o imaginaram como a trilha sonora de um funeral.
Aliados ao suicídio de Ian Curtis, fato adiou em dois meses o lançamento de Closer, esses elementos acentuaram a atmosfera soturna e mística que envolveu o álbum, que ainda segundo McDonald, pode ser ouvido como “um amargo bilhete suicida”. Em 1994, o dono da Factory Records, Tony Wilson comentou sobre o disco: “É como se compô-lo tivesse piorado seu estado: deixou-se estragar por ele, em vez de apenas expressá-lo”.
Porém, antes de se matar, Curtis ainda teve tempo de gravar a canção que, provavelmente, é a mais popular do Joy Division. “Love will tear us apart”, além de representar a maturidade sonora da banda, é um bom exemplo da lírica dolorida do vocalista, que embora densa, ainda rendia refrões característicos da música comercial executadas em rádios FM. É nessa faixa que fica clara a maneira do letrista enxergar o mundo, e principalmente as relações interpessoais. “Quando se está apaixonado a tendência natural é querer estar junto à pessoa amada. No entanto, o amor é aquilo que os separa. (...) Para Ian Curtis, todo sentimento é dor, sobretudo o amor. (...)Ian precisa se ferir até sangrar para sentir que existe qualquer tipo de sentimento”, explica a autora Helena Uehara.
Assim é possível afirmar que a discografia do Joy Division, sobretudo pela lírica de seu vocalista, Ian Curtis, é um paradigma na principal dicotomia da música dos anos 80: a tênue fronteira entre o amor e a morte.
Texto e fotos retirados de: Jorwiki USP
(Remastered 2007)
CD 1 | Unknown Pleasures
01. Disorder
02. Day Of The Lords
03. Candidate
04. Insight
05. New Dawn Fades
06. She's Lost Control
07. Shadowplay
08. Wilderness
09. Interzone
10. I Remember Nothing
CD 2 | The Factory, Manchester Live 13 July 1979
01. Dead Souls
02. The Only Mistake
03. Insight
04. Candidate
05. Wilderness
06. She's Lost Control
07. Shadowplay
08. Disorder
09. Interzone
10. Atrocity Exhibition
11. Novelty
12. Transmission
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1980 | CLOSER
CD 1 | Closer
01. Atrocity Exhibition
02. Isolation
03. Passover
04. Colony
05. A Means To An End
06. Heart And Soul
07. Twenty Four Hours
08. The Eternal
09. Decades
CD 2 | University Of London Union Live 8 February 1980
01. Dead Souls
02. Glass
03. A Means To An End
04. Twenty Four Hours
05. Passover
06. Insight
07. Colony
08. These Days
09. Love Will Tear Us Apart
10. Isolation
11. The Eternal
12. Digital
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1981 | STILL
(Remastered 2007)
CD 1 | Still
01. Exercise One
02. Ice Age
03. The Sound Of Music
04. Glass
05. The Only Mistake
06. Walked In Line
07. The Kill
08. Something Must Break
09. Dead Souls
10. Sister Ray
11. Ceremony
12. Shadowplay
13. A Means To An End
14. Passover
15. New Dawn Fades
16. Transmission
17. Disorder
19. Decades
20. Digital
CD 2 | Live at High Wycombe Town Hall
01. The Sound Of Music
02. A Means To An End
03. Colony
04. Twenty Four Hours
05. Isolation
06. Love Will Tear Us Apart
07. Disorder
08. Atrocity Exhibition
09. Isolation (Sound Check)
10. The Eternal (Sound Check)
11. Ice Age (Sound Check)
12. Disorder (Sound Check)
13. The Sound Of Music (Sound Check)
14. A Means To An End (Sound Check)
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1988 | SUBSTANCE
01. Warsaw
02. Leaders Of Men
03. Digital
04. Autosuggestion
05. Transmission
06. She's Lost Control
07. Incubation
08. Dead Souls
09. Atmosphere
10. Love Will Tear Us Apart
11. No Love Lost
12. Failures
13. Glass
14. From Safety To Where
15. Novelty
16. Komakino
17. These Days
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1990 | PEEL SESSIONS
01. Exercise One
02. Insight
03. She's Lost Control
04. Transmission
05. Love Will Tear Us Apart
06. 24 Hours
07. Colony
08. Sound Of Music
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1995 | PERMANENT
01. Love Will Tear Us Apart
02. Transmission
03. She's Lost Control
04. Shadow Play
05. Day Of The Lords
06. Isolation
07. Passover
08. Heart & Soul
09. Twenty Four Hours
10. These Days
11. Novelty
12. Dead Souls
13. The Only Mistake
14. Something Must Break
15. Atmosphere
16. Love Will Tear Us Apart (Permanent Mix)
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1997 | HEART AND SOUL
CD 1
01. Digital
02. Glass
03. Disorder
04. Day Of The Lords
05. Candidate
06. Insight
07. New Dawn Fades
08. She's Lost Control
09. Shadowplay
10. Wilderness
11. Interzone
12. I Remember Nothing
13. Ice Age
14. Exercise One
15. Transmission
16. Novelty
17. The Kill
18. The Only Mistake
19. Something Must Break
20. Autosuggestion
21. From Safety To Where
CD 2
01. She's Lost Control (12'')
02. Sound Of Music
03. Atmosphere
04. Dead Souls
05. Komakino
06. Incubation
07. Atrocity Exhibition
08. Isolation
09. Passover
10. Colony
11. Means To An End
12. Heart And Soul
13. Twenty Four Hours
14. The Eternal
15. Decades
16. Love Will Tear Us Apart
17. These Days
CD 3
01. Warsaw
02. No Love Lost
03. Leaders Of Men
04. Failures
05. The Drawback
06. Interzone
07. Shadowplay
08. Excercise One
09. Insight
10. Glass
11. Transmission
12. Dead Souls
13. Something Must Break
14. Ice Age
15. Walked In Line
16. These Days
17. Candidate
18. The Only Mistake
19. Chance (Atmosphere)
20. Love Will Tear Us Apart
21. Colony
22. As You Said
23. Ceremony
24. In A Lonely Place (Detail)
CD 4
(Live At The Factory)
01. Dead Souls
02. The Only Mistake
03. Insight
04. Candidate
05. Wilderness
06. She's Lost Control
07. Disorder
08. Interzone
09. Atrocity Exhibition
10. Novelty
(Live At Prince Of Wales Conference Centre, London)
11. Autosuggestion
(Live At Winter Gardens, Bournemouth)
12. I Remember Nothing
13. Colony
14. These Days
(Live At Lyceum Ballroom, London)
15. Incubation
16. The Eternal
17. Heart And Soul
18. Isolation
19. She's Lost Control
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1999 | PRESTON
(Live | 28 February 1980)
01. Incubation
02. Wilderness
03. Twenty Four Hours
04. The Eternal
05. Heart And Soul
06. Shadowplay
07. Transmission
08. Disorder
09. Warsaw
10. Colony
11. Interzone
12. She's Lost Control
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1999 | WARSAW
(Demo 1981)
01. The Drawback
02. Leaders of Men
03. They Walked in Line
04. Failures
05. Novelty
06. No Love Lost
07. Transmission
08. Living in the Ice Age
09. Interzone
10. Warsaw
11. Shadowplay
12. As You Said
13. Inside the Line
14. Gutz
15. At a Later Date
16. The Kill
17. You're No Good for Me
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2000 | THE COMPLETE BBC RECORDINGS
01. Exercise One
02. Insight
03. She's Lost Control
04. Transmission
05. Love Will Tear Us Apart
06. 24 Hours
07. Colony
08. Sound Of Music
09. Transmission
10. She's Lost Control
11. Ian Curtis & Stephen Morris Interviewed By Richard Skinner
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2001 | LES BAINS DOUCHE
(Live | 18 December 1979)
01. Disorder
02. Love Will Tear Us Apart
03. Insight
04. Shadowplay
05. Transmission
06. Day Of The Lords
07. 25 Hours
08. These Days
09. A Means To An End
10. Passover
11. New Dawn Fades
12. Atrocity Exhibition
13. Digital
14. Dead Souls
15. Autosuggestion
16. Atmosphere
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2001 | REMAINS
01. Inside the Line
02. Gutz
03. At a Later Date
04. The Kill
05. You’re No Good for Me
06. At a Later Date (live)
07. Leaders of Men
08. Walked in Line
09. Failures
10. Novelty
11. No Love Lost
12. Transmission
13. Ice Age
14. Warsaw
15. Shadowplay
16. Atrocity Exhibition
17. Something Must Break
18. Transmission
19. She’s Lost Control
20. Transmission
21. Passover (live)
22. New Dawn Fades (live)
23. Love Will Tear Us Apart
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2004 | NO MORE CEREMONIES
Live at the Lyceum Theatre, London 29-02-80
01. Incubation
02. Wilderness
03. Twenty Four Hours
04. The Eternal
05. Heart And Soul
06. Love Will Tear Us Apart
07. Isolation
08. Komakino
09. She's Lost Control
10. These Days
11. The Atrocity Exhibition
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2005 | LET THE MOVIE BEGIN
(Live)
01. Love Will Tear Us Apart
02. Ian Curtis Interview
03. Leaders Of Men
04. Steve Morris & Ian Curtis Interview
05. Failures
06. Ian Curtis Interview
07. Novelty
08. Martin Hannett Interview
09. New Dawn Fades
10. Ian Curtis Interview
11. Ice Age
12. Steve Morris & Ian Curtis Interview
13. Shadowplay
14. Ian Curtis Interview
15. Passover
16. Martin Hannett Interview
17. Transmission
18. Steve Morris & Ian Curtis Interview
19. At A Later Date
20. Ian Curtis Interview
21. Digital
22. Bernard Sumner Interview
23. Colony
24. Ian Curtis Interview
25. Auto Suggestion
26. Dead Souls
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2008 | THE BEST OF
CD 1
01. Digital
02. Disorder
03. Shadowplay
04. New Dawn Fades
05. Transmission
06. Atmosphere
07. Dead Souls
08. She's Lost Control
09. Love Will Tear Us Apart
10. These Days
11. Twenty Four Hours
12. Heart And Soul
13. Incubation
14. Isolation
CD 2
01. Exercise One
02. Insight
03. She's Lost Control
04. Transmission
05. Love Will Tear Us Apart
06. Twenty Four Hours
07. Colony
08. Sound Of Music
09. Transmission (Something Else)
10. She's Lost Control (Something Else)
11. Ian Curtis & Stephen Morris (interviewed by Richard Skinner)
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